Uma investigação apontou que a perda da roda dianteira esquerda de um Boeing 787-9 da Scoot, que operava um voo de Seul, na Coreia do Sul, para Taipei, pode ter sido causada por um travamento no rolamento interno do trem de pouso.
A conclusão vem do relatório final do Escritório de Investigação de Segurança de Transporte de Singapura (TSIB), que também identificou que o travamento parece ter sido resultado de “desvio de roletes”, embora a causa desse desvio não pudesse ser determinada de forma conclusiva.
O incidente ocorreu em 18 de junho de 2023, enquanto a aeronave de matrícula 9V-OJF estava sendo rebocada em Seul. Durante o processo, a equipe de solo sentiu uma “resistência” ao realizar o reboque. A tripulação afirmou que os freios de estacionamento estavam liberados e continuaram com o procedimento, embora tenham notado algumas vibrações enquanto a aeronave taxiava para a pista.
Foi apenas ao se aproximarem da pista que os membros da tripulação não sentiram mais vibrações e o 787 decolou com destino a Taipei, transportando 343 passageiros e 11 membros da tripulação.
Ao alcançar a altitude de cruzeiro, a tripulação realizou a verificação padrão do sistema da aeronave e descobriu que as leituras de pressão dos pneus do trem de pouso dianteiro não estavam sendo exibidas. Isso poderia indicar um sensor defeituoso ou que os pneus da roda dianteira tinham esvaziado.
Ao mesmo tempo, as autoridades do aeroporto de Seul encontraram partes da roda dianteira, incluindo um pneu, em uma das pistas de táxi e suspeitaram que poderiam ser do Boeing 787 da Scoot. Essa informação foi rapidamente repassada aos controladores aéreos de Taipei, que alertaram a tripulação da Scoot sobre um possível problema com os pneus.
Os investigadores observaram que a tripulação estava preparada para o pior cenário, ou seja, a despressurização de ambos os pneus do trem de pouso dianteiro, mas não encontraram orientações em seu manual sobre como pousar uma aeronave com pneus furados.
Após pousar sem incidentes no aeroporto de Taoyuan, em Taipei, a equipe de solo constatou que o eixo esquerdo do trem de pouso dianteiro havia se quebrado e que a roda dianteira esquerda estava ausente. O TSIB encontrou o eixo fraturado e queimado, indicando que havia estado exposto a temperaturas extremamente altas.
Após análises adicionais, a agência constatou que o rolamento interno da roda dianteira esquerda havia travado, gerando calor elevado e a eventual fratura do eixo do trem de pouso. O relatório observou que não havia evidência de que o trem de pouso dianteiro da aeronave havia sido apertado em excesso quando foi instalado.
Além disso, o TSIB ressaltou que a inspeção visual dos rolamentos está sujeita a fatores humanos, dependendo da capacidade dos inspetores de identificar defeitos, especialmente na superfície interna do anel, devido ao acesso limitado. Isso pode resultar em resultados de inspeção inconsistentes.
Após o incidente, a Scoot realizou inspeções em todos os trens de pouso dianteiros de sua frota de 787 para verificar os eixos das rodas dianteiras em busca de sinais de danos térmicos. O TSIB também instou a Boeing a considerar documentar informações que ajudem os pilotos a entender que lidar com a falta de uma roda dianteira durante o pouso é semelhante a lidar com rodas despressurizadas.