Falta de elucidação sobre o 5G prejudica voos de aviões Embraer E175 nos EUA

Na confusão sobre restrição de aeronaves em aeroportos com a rede 5G, o Embraer E175 acabou esquecido e prejudicado.

Embraer E175 – Imagem: Embraer

A aeronave brasileira Embraer E175 é o líder absoluto de vendas no mercado regional americano e a espinha dorsal das filiais regionais de grandes empresas aéreas, como American, Delta e United.

Com a chegada do sinal 5G das operadoras AT&T e Verizon, veio o receio da possível interferência do novo sinal de rede móvel de alta velocidade com o rádio-altímetro dos aviões, que tem uma faixa de frequência muito próxima da utilizada por essas operadoras.

O Boeing 777 chegou a ficar praticamente um dia “banido” de voar nos EUA em algumas empresas aéreas, incluindo a LATAM Brasil, enquanto o irmão mais novo 787 Dreamliner e os aviões da Airbus receberam o aval parar operarem normalmente, mas com cautela.

Enquanto os grandes jatos recebiam atenção, os aviões regionais foram deixados para uma análise posterior, que tem prejudicado as empresas que os operam.

“Nós fomos deixados de fora de uma importante discussão da aviação”, afirma Faye Malarkey, CEO da Associação das Companhias Aéreas Regionais dos EUA, à revista FlightGlobal.

Foram emitidos vários NOTAM (Avisos aos Aeronavegantes) sobre o uso de rádio-altímetro em aeroportos. A FAA afirma que 78% da frota americana tem algum tipo de liberação que permite operar nos aeroportos mesmo com estes avisos restritivos.

Dentre os aviões com liberação estão os Boeings 717, 737, 747, 757, 767, 777, 787, os McDonnell Douglas MD-10 e MD-11, os Airbus A300, A310, A319, A320, A321, A330, A340, A350 e A380, porém “apenas alguns jatos Embraer E170 e E190”.

Faye afirma que os jatos Embraer receberam em sua maioria o aval para operar em aeroportos com restrição, mas que os operadores ainda estão analisando os requisitos para colocá-los em prática.

Apesar das autoridades americanas citarem apenas o E170 e o E190, a fabricante brasileira afirmou à FlightGlobal que a isenção de NOTAM se aplica a todos os modelos de jatos da família E-Jet de primeira geração: E170, E175, E190 e E195.

Desvios na Califórnia

Arremetida de um E175 em São Francisco e posterior desvio para San José – RadarBox

Com a incerteza da suposta liberação, alguns voos operados pelo Embraer E175 foram desviados em São Francisco, no norte da Califórnia.

Atualmente existe um NOTAM para o aeroporto afirmando sobre a possibilidade de instabilidade do rádio-altímetro para pouso automático, do HUD (displays com projetores que ficam na altura dos olhos dos pilotos) e dos sistemas de visão sintética, que são funções que ajudam bastante no pouso com baixa visibilidade. O aviso inclusive inclui o de helicópteros, algo não tão comum de se ver.

Com isso, no dia 20, dois aviões operados pela SkyWest para a United e para a Alaska Airlines iriam pousar no Aeroporto de São Francisco e acabaram sendo desviados para Reno, na fronteira com o estado de Nevada, e para San José, ao sul da baía de São Francisco.

Desvio do voo para Reno – RadarBox

“Condições meteorológicas em alguns aeroportos levaram a um número pequeno de cancelamentos e desvios na manhã do dia 20 como resultado da implementação da rede 5G”, afirmou em nota à imprensa a SkyWest Airlines, terceirizada que opera em nome da United Express e da Horizon Air da Alaska Airlines.

A empresa regional também afirmou que “irá processar assim que possível as mudanças propostas pela FAA para mitigação do uso do 5G com jatos E175, especialmente em condições de baixa visibilidade. Estamos com esperança que a FAA irá criar mitigação adicional para o resto da nossa frota em breve. O potencial de impacto nas operações continua até que uma solução completa seja feita para todas as aeronaves em operação comercial”.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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