Famílias de vítimas do Boeing 737 MAX se levantam contra acordo da fabricante com a Justiça dos EUA

No domingo, 7 de julho, tornou-se conhecido que a Boeing vai se declarar culpada por conspirar para fraudar a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) sobre a segurança da aeronave 737 MAX. A declaração foi apresentada ao juiz federal Reed O’Connor, em Fort Worth, no Texas.

Imediatamente, as famílias dos falecidos em dois acidentes com o Boeing 737 MAX, protocolaram uma objeção ao acordo no mesmo tribunal. Segundo o texto, o acordo de confissão com a Boeing beneficia injustamente a empresa, sem responsabilizá-la pelas 346 mortes resultantes dos acidentes. Segundo os familiares, o acordo generoso é baseado em premissas enganosas e ofensivas.

A decisão de aceitar o acordo e a declaração de culpa da Boeing, agora, está nas mãos do juiz O’Connor. As famílias planejam viajar ao aguardado julgamento para argumentar contra o acordo.

Entre as principais críticas ao acordo está a falta de responsabilização adequada da Boeing. Paul Cassell, advogado das famílias, vê o acordo como um frustrante descaso para com as 346 vítimas mortais. Ele planeja persuadir o juiz O’Connor a rejeitar o acordo e a abrir um julgamento público para que todos os fatos envolvendo o caso sejam revelados.

A falta de responsabilização pela tragédia dos dois acidentes é uma queixa comum entre os parentes das vítimas. Robert A. Clifford, advogado das famílias, lamenta que a cultura corporativa da Boeing, privilegiando lucros sobre segurança, parece inalterada. Ele avisa que os familiares continuarão lutando por justiça e segurança em memória dos entes queridos perdidos.

Inicialmente, o DOJ informou às famílias que não buscaria a punição contra a Boeing. As condições do acordo foram apresentadas no último domingo (30 de junho de 2024) em uma videoconferência convocada de última hora.

Os detalhes do acordo preveem que a Boeing pagará uma multa de 487 milhões de dólares, com um crédito de 234 milhões por valores já pagos antes. O montante é significativamente menor do que a multa potencial de 24,7 bilhões de dólares que a empresa poderia enfrentar.

Além disso, o acordo inclui a implementação de um monitor corporativo independente nas instalações da Boeing durante três anos, escolhido pelo governo. Contudo, as famílias solicitaram ao juiz O’Connor que pudessem participar desse processo de escolha.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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