FedEx confirma interesse no tipo de avião em que pretendia instalar sistema antimíssil

Após dar um choque de realidade no mercado por conta de suas últimas projeções, a FedEx ressaltou que quer continuar líder e isso inclui a compra de novos aviões.

Imagem: Flightsim.to

Na semana passada, a empresa de carga expressa informou que espera uma recessão global e que, por isso, deixará uma parte de sua frota estacionada. Apesar da mensagem “apocalíptica”, a companhia sinalizou que acredita num futuro melhor. Em entrevista ao Leeham News and Analysis, o CEO da FedEx, Fred Smith, falou sobre a renovação da frota, que hoje tem uma variedade de jatos, indo do Airbus A300 até o MD-11, passando pelos Boeings 757 e 767.

Um dos próximos passos delineados por Smith refere-se à possível aquisição do Boeing 777-300ERF, modelo de passageiros que ganhou recentemente um projeto de conversão para cargueiro. Esse seria um substituto à altura dos McDonnell Douglas MD-10 e MD-11, que são operados pela empresa e são os seus maiores jatos.

A FedEx já opera um o modelo 777F, que tem a fuselagem do 777-200LR, menor que o -300ER. O ganho com a versão maior, no entanto, não seria na capacidade de levar mais peso, e sim um maior volume de carga em seus 10 metros a mais de comprimento.

A decisão pelo Boeing 777-300ER, no entanto, ainda não está tomada. Na disputa, entrariam outros modelos como os projetos do Boeing 777-8F e Airbus A350F. Até o Boeing 787F foi citado, embora tenha menor capacidade e a fabricante americana ainda não tenha confirmado se vai desenvolvê-lo ou não.

A321 nos planos

Outro ponto a destacar da entrevista é o interesse da FedEx no Airbus A321neo cargueiro, uma aeronave que ainda não existe, mas que poderia se tornar realidade um dia, a depender da demanda das companhias aéreas. Hoje, o A321 tem versão cargueira (convertida da versão de passageiros) da geração anterior, a A321ceo, e é a aeronave em produção mais próxima do Boeing 757-200, que tem uma grande presença no mercado cargueiro e sem substituto direto.

“Gostaríamos de ver a Airbus lançar um novo cargueiro a partir do A321neo”, afirmou Smith. O interesse da FedEx seria por aeronaves novas de fábrica que cumprissem os requisitos de poluição para novos aviões que serão feitos a partir de 2028.

O A321neo pode fazer isso e também ocupar uma parte do espaço deixado pelo Boeing 757, que estará saindo de operação em breve na FedEx.

A história do antimíssil no Airbus

Um fato interessante é que a empresa cargueira já tinha demonstrado interesse no modelo antes, mas com outro objetivo um tanto quanto estranho, que foi descoberto por jornalistas especializados em aviação dos Estados Unidos.

Em janeiro de 2022, a FedEx protocolou junto à FAA, que é a agência responsável pela regulação da aviação civil nos EUA, um pedido para instalar um sistema antimíssil em seus aviões. Apesar de soar estranho, ela já fez isso no passado quando testou alguns sistemas em conjunto com a gigante do setor de defesa Northrop Grumman no trijato MD-10.

A justificativa dada á FAA foi que nos últimos tempos aeronaves civis têm sido vítimas de mísseis anti-aéreos lançados por pessoas (do tipo MANPADS) como o russo Igla e o americano Stinger. No entanto, nunca ficou claro o porquê de a empresa ter feito tal pedido desta vez e o assunto nunca mais entrou em pauta.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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