Para pular o muro, FedEx faz todos os dias um voo de apenas 28 km

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A maior companhia aérea cargueira do mundo, a FedEx Express, tem feito um voo curtíssimo pela fronteira dos EUA e México.

O voo foi trazido à tona pelo portal OneMileAtTime, que aponta que desde o início deste ano a FedEx tem feito a rota San Diego – Tijuana – San Diego, diariamente, com o Boeing 757-200F que leva até 27 toneladas de carga útil.

San Diego (EUA) e Tijuana (México), apesar de estarem em países diferentes, são cidades vizinhas e que se conectam bastante. Existem muitos mexicanos-americanos que moram numa cidade e trabalham na outra, atravessando a fronteira terrestre diariamente.

O tráfego entre as duas cidades é tão imenso que, além de ônibus regulares entre elas, existe um trem que sai de San Diego e vai para o Arizona (também nos EUA), mas passa por Tijuana e depois volta aos EUA.

Outra curiosidade, que, por sinal, é bastante utilizada por brasileiros que moram em San Diego, é uma passarela que conecta a cidade americana diretamente ao Aeroporto de Tijuana, fazendo com que os passageiros não precisem passar pela perigosa cidade mexicana para chegar ao seu aeroporto. A vantagem para o passageiro é que algumas tarifas aéreas podem compensar o pouso no México.

Mas a FedEx decidiu ir além e conectar as duas cidades fronteiriças por avião. Todo dia o voo FX70 decola de San Diego pela manhã, faz uma curva em volta da península de Point Loma, subindo para apenas 5 mil pés (1.524m) de altitude, passa pela praia de Imperial e logo cruza a fronteira, onde já entra no circuito de tráfego para pousar em Tijuana.

No final da tarde a aeronave decola de volta, como FX69, também carregado com carga, e seguindo para San Diego com um sobrevoo na cidade mais ao sul da Califórnia.

© FlightRadar24

O tempo total de voo médio é de 20 minutos, já que a aeronave não segue em linha reta devido ao tráfego aéreo e aos procedimentos de saída/chegada dos aeroportos. Mas a distância em linha reta entre os dois aeroportos é de apenas 28 quilômetros.

Aqui no Brasil é muito incomum termos rotas tão curtas na aviação regular civil, a não ser em situações muito anormais onde aéreas, em dias de extremo caos no trânsito, colocam aviões para enviar seus tripulantes de Congonhas, em São Paulo, para Guarulhos, ou do Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para o Galeão.

Fora essas situações anormais, alguns exemplos de rotas curtas que temos aqui são Congonhas – Santos Dumont, Brasília – Goiania e algumas aéreas já operaram voos entre Congonhas/Gurulhos e Viracopos, na cidade de Campinas. Mas mesmo nesses casos, a distância entre os trechos é muito maior que a rota feita pelos Boeings 757-200 da FedEx.

Não está claro por que a FedEx implementou este voo, dado que existe a opção do trem de carga entre as duas cidades, além de caminhões, que demoram menos de uma hora entre a fronteira e o aeroporto de San Diego.

Mas o voo começou apenas em março, dando pistas que deve se relacionar à explosão de demanda causada pela Pandemia do Coronavírus e/ou a restrições de movimentação terrestre. Até onde se sabe, este é o voo cargueiro internacional de menor duração nas Américas.

Resta saber se o serviço da FedEx não resultará em críticas sobre a questão ambiental por utilizar um avião para fazer uma rota tão curta. Quando a empresa árabe Qatar Airways Cargo operou um voo de menos de 40 km entre as cidades de Maastricht e Liege, gerou uma forte discussão em torno da questão ambiental.

Políticos locais e ambientalistas ficar indignados com a operação e disseram que a carga seria entregue com muito mais eficiência em outro modo de transporte. O resultado foi o cancelamento do voo:

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Claudio Brito
Claudio Brito
Apaixonado por aviação desde o berço como filho de comissário de bordo, realizou o sonho de criança se tornando comissário em 2011 e leva a experiência de quase 10 anos no mercado da aviação. Formado Trainer em Programação Neurolinguística, conseguiu unir suas duas paixões, comunicação e aviação.

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