Fim: Brasileira Connect Cargo perde o certificado de operador aéreo

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Quando a Connect Cargo iniciou suas operações, em meados do ano passado, poucos poderiam imaginar que o desfecho seria tão ruim e tão rápido como estamos vendo, sobretudo num momento em que a demanda por carga aérea cresceu grandemente em meio à pandemia.

737-400F da brasileira Connect Cargo

Em 27 de junho de 2019, a então novata empresa aérea brasileira de carga fez uma grande festa no aeroporto de Recife, com direito a rasante de aviões, saudações especiais, evento e convidados.

A estratégia da empresa era estabelecer um hub, que distribuiria cargas vindas de Miami para o resto do Brasil, sem passar pelas cidades do sul e sudeste brasileiros. Além de Recife, a empresa andou contratando em São Paulo e Manaus e esperava gerar um total de 500 empregos diretos e indiretos.

Além da estratégia de agilizar a distribuição de cargas, a empresa também contava com uma redução de 50% no ICMS cobrado sobre o combustível, fator predominante na decisão de estabelecer-se no Recife. Outra promessa seria empregar um Boeing 747 para trazer as cargas de Miami ao Brasil.

Com o passar do tempo e poucas operações, tornava-se nítido que aqueles planos eram apenas fruto do desejo de alguém, mas nunca viriam a se concretizar.

De fato, nunca se ouviu falar muito sobre a Connect. Nós acompanhávamos suas operações através do registro de voos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e nunca encontramos uma malha que pudesse ser a sombra de um hub de carga aérea, como prometido. O Boeing 747 então, nunca apareceu no registro.

Com o passar do tempo, as notícias negativas surgiam, como a do arresto dos dois únicos Boeings 737 que a empresa possuía, por falta de pagamento. A retomada de posse pelo lessor e as demissões seriam apenas o penúltimo capítulo da história de uma empresa de vida curtíssima.

Assim, na última semana, a cartada final para a empresa aérea foi a perda definitiva do Certificado de Operador Aéreo (COA), obrigatório para qualquer empresa aérea operar. Essa também pode ter sido a última pá de cal para a empresa que chegou ganhando os holofotes, mas em seis meses já estava prestes a apagar as luzes.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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