Após mais uma empresa aérea negar o transporte de primatas, uma associação alertou o risco desta medida para as pesquisas científicas.
A última empresa aérea a adotar a medida foi da Air France, que cedeu a protestos da PETA, a maior organização de proteção de animais no mundo, que alegava crueldade no transporte de animais que serviam de testes e que seriam depois descartados.
O macaco, por ser o animal mais próximo do ser humano em vários pontos biológicos, acaba sendo uma “plataforma de teste” para várias coisas, como vacinas, produtos dermo-cosméticos e remédios.
Algumas empresas, para evitar boicote e danos à sua imagem, têm recusado o transporte de animais, o que gerou uma batalha legal nos EUA, já que segundo as empresas de pesquisa, os animais transportados são os mesmos que alguns passageiros levam à bordo ou no porão e, principalmente, são iguais aos levados entre zoológicos e refúgios.
A United, British Airways, China Southern Airlines e Qatar Airways estão entre as companhias que viraram as costas para esta indústria, e a Air France acaba de se juntar a elas. Segundo a revista Science, a Air France era a última grande empresa aérea global que fazia este tipo de transporte.
Bonjour, en cohérence avec sa stratégie RSE, Air France a décidé d’arrêter le transport de primates. Elle y mettra fin dès l’issue de ses engagements contractuels en cours avec les organismes de recherche.
— Air France Newsroom (@AFnewsroom) June 30, 2022
A Associação Europeia de Pesquisas em Animais (EARA) afirma que a decisão só piora a situação, já que a China é a grande exportadora de primatas para testes em laboratório, e que 80% dos macacos utilizados em pesquisas nos EUA são chineses. Com o surgimento do Covid-19 na própria China, os EUA e vários países suspenderam a importação de animais de lá, mesmo que não sejam suspeitos ou relacionados diretamente com o coronavírus.
“Toda a vacina contra o COVID-19 foi testada em primatas não-humanos. A alternativa que resta é criá-los localmente, porém não deverá resolver o problema, já que demoram décadas para criar uma colônia para servir de base para alguma pesquisa. Esta falta de primatas vai tirar a inovação do setor”, afirma Kirk Leech, diretor executivo da EARA.
Nos últimos anos, se tem notado que várias empresas de todos os setores têm destacado suas ações contra uso de animais em testes de laboratório, especialmente aquelas relacionadas à produção de cosméticos. As companhias aéreas que tomaram a decisão de não transportar primatas não fizeram marketing em cima disso até o momento.