‘Foram momentos de pânico’, diz Russomano, que estava no voo Gol 1456 da última segunda

Em carta endereçada à diretoria da ANAC, o deputado Celso Russomano (Republicanos-SP), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, pede uma investigação da agência sobre um incidente desta semana, em que um avião da Gol teve de abortar a decolagem sob ordens da controladora de tráfego aéreo.

Como o AEROIN publicou e explicou, o caso foi registrado no dia 13 de dezembro, quando um Boeing 737 da Gol já corria na pista para decolar, enquanto um Airbus da Latam, que vinha em aproximação, teve que arremeter.

Todos os procedimentos ocorreram, aparentemente, em consonância com as regras de segurança de aviação, mas o deputado, que é piloto de helicóptero, quer uma investigação.

No último dia 13/12/21, os passageiros do voo 1456 da empresa Gol – entre eles eu e diversos parlamentares – no trecho entre Congonhas e Brasília, passaram por momentos de pânico e apreensão quando a aeronave, sem nenhum aviso, freou bruscamente na pista, atendendo à ordem do controlador de voo. A desaceleração foi tão violenta que o avião ficou impossibilitado de prosseguir viagem nesse momento, sendo obrigado a passar por manutenção antes de nova decolagem”, diz a carta assinada por Russomano e mais seis deputados.

“Um incidente dessa natureza, que por pouco não resultou em tragédia, não pode deixar de ser apurado com rigor pelo poder público. Como é do conhecimento de Vossa Senhoria, às comissões permanentes da Câmara dos Deputados, cabe, nos termos do Art. 24 do Regimento Interno da Casa, exercer fiscalização e controle de atos do Poder Executivo e o acompanhamento operacional das entidades da Administração Direta e Indireta. Dessa forma, solicitados a Vossa Senhoria a apuração dos motivos que levaram ao incidente, de modo a atribuir responsabilidades e evitar que fatos dessa natureza se repitam no futuro, com consequências imprevisíveis”, finalizou.

A ANAC agora pende dar uma reposta ao deputado e esclarecer os fatos. Caso você não tenha visto ou queira ver novamente o vídeo do momento em que o avião abortou a decolagem, você pode clicar aqui para acessar.

Por que a controladora abortou a decolagem?

A gravação no Aeroporto de Congonhas nos traz mais uma interessante oportunidade de acompanhar uma situação prática de como funcionam os procedimentos que garantem a segurança da aviação.

Tendo o avião da Latam desistido de sua aproximação, caso o avião da Gol fizesse sua decolagem, ambos os aviões poderiam ficar em posições muito próximas entre si em voo, já que o A319 da Latam passaria sobre o aeroporto em subida enquanto o 737-800 da Gol estaria ganhando altura após partir.

É possível que, até a decolagem do 737 ser completada, o A319 já estivesse alto o suficiente para que os dois jatos ficassem distantes a ponto de não gerar um conflito de tráfego. Entretanto, como na aviação a precaução é sempre a melhor escolha em prol da segurança, a controladora optou por cancelar a autorização de decolagem.

Vale ressaltar também que os pilotos cumpriram a instrução de abortar a decolagem porque a aeronave ainda não havia superado a velocidade limite em que ainda seria possível parar dentro da distância de pista disponível. Caso já houvesse sido ultrapassada, eles continuariam com sua partida, e então seriam dadas instruções adicionais pelo controle de tráfego aéreo para garantir a separação dos dois aviões em voo.

Quanto ao uso de outra aeronave para o voo, possivelmente a troca se deveu à necessidade de tempo de resfriamento e inspeção do trem de pouso em decorrência do alto aquecimento dos freios diante da intensa frenagem na decolagem abortada (fica a ressalva de que esta é apenas uma possibilidade, podendo haver outros motivos).

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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