Frente fria: os impactos no grande exercício de guerra da Força Aérea que começou nesta semana

Imagem: Força Aérea Brasileira / Reprodução – YouTube

Ao longo desta semana, o AEROIN mostrou que a Força Aérea Brasileira (FAB) deu início, na terça-feira, 16 de agosto, a um grande exercício de guerra no país, o Exercício Conjunto (EXCON) Tápio 2022, que está sendo realizado na Base Aérea de Campo Grande (BACG), no Mato Grosso do Sul, com cerca de 30 aeronaves de mais de 16 Unidades Aéreas e participação da Guarda Nacional Americana de Nova York e de Idaho.

E enquanto a grande operação de treinamento ocorria, as condições meteorológicas do final desta semana inicial do Tápio reservaram a entrada de uma forte Frente Fria, trazendo muita chuva. Diante disso, a Força Aérea preparou um material especial sobre a influência meteorológica em uma operação como essa. Os detalhes podem ser acompanhados no vídeo a seguir e na continuidade do texto logo abaixo.

Segundo a FAB, historicamente, a meteorologia já foi decisiva em muitos cenários de conflitos. Foi na Primeira Guerra Mundial que essa ferramenta passou a ser considerada como estratégia militar, e as previsões do tempo a serem tidas como informações secretas. Na época, foram suspensas as transmissões de previsões por rádio e a sua publicação em jornais.

A meteorologia tem um papel fundamental no planejamento de uma operação de guerra. No Exercício Conjunto Tápio 2022, o Centro Meteorológico Militar (CMM) proporciona às tripulações aprontos meteorológicos das áreas de operação. Uma equipe de meteorologistas fica alocada no CMM para fornecer as informações meteorológicas atualizadas. Além disso, disponibiliza briefings diários e atualizados de hora em hora.

Entre as tarefas de responsabilidade da equipe no exercício estão: fornecer informações meteorológicas atualizadas da área em que as aeronaves irão executar a missão; condições meteorológicas previstas para o aeródromo base e alternativas, quando no regresso; vento nos níveis a serem voados (FL050, FL100, FL180, FL300 e FL390); previsão de formação de gelo e turbulências que afetem as operações e prognósticos para as próximas 24 e 48 horas.

As mudanças das condições do tempo em Campo Grande (MS), onde acontece o Exercício, têm influenciado nas estratégias da guerra simulada. Mas, tudo colabora com o adestramento dos militares para as possíveis situações reais. Afinal, não é possível controlar o tempo, mas com informações precisas pode-se tirar vantagens das condições climáticas no cenário de guerra.

“Em um exercício desse porte, a meteorologia é fundamental. Qualquer mudança do tempo influencia na dinâmica do exercício, os pacotes que estavam planejados para sair, não saem, atrasam, e tudo isso requer um novo planejamento, ou seja, a meteorologia impacta diretamente na ação”, destaca o Capitão Especialista em Meteorologia Vicente Batista Rangel, que é o previsor meteorológico do Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica (CIMAER), escalado para o EXCON Tápio 2022.

CIMAER

O Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica é responsável pela prestação do Serviço Meteorológico Aeronáutico de Vigilância e Previsão no âmbito do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), com vistas à segurança e eficiência do tráfego aéreo.

Instalado nas proximidades da Base Aérea do Galeão (BAGL), na Ilha do Governador, Rio de Janeiro (RJ), o CIMAER é a unidade mais recente do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Inaugurado, no dia 23 de março de 2019, foi ativado pela Portaria Nº 579/GC3 de 12 de abril de 2019.

Subordinado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o CIMAER provê segurança, economia e fluidez no atendimento à navegação aérea, ao viabilizar a otimização de recursos e o aumento da eficiência da prestação do serviço de Meteorologia Aeronáutica.

História

Na Segunda Guerra Mundial, a meteorologia militar atingiu a maturidade. Muitos meteorologistas foram transferidos para os quadros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Desde então, nenhum comandante planejava a sua estratégia de ataque ou defesa sem primeiro consultar os seus meteorologistas.

O caso mais emblemático em que a meteorologia foi determinante é conhecido como Dia “D”. Uma operação militar que aconteceu em 6 de junho de 1944 durante a Segunda Guerra Mundial, em que os Aliados organizaram um grande esforço militar e desembarcaram suas tropas na Normandia, região do norte da França dominada pelos nazistas. O Dia D fez parte da Operação Overlord e foi responsável por aumentar o desgaste dos alemães durante o conflito. Foi a previsão do tempo assertiva que possibilitou o desembarque aliado na Normandia no dia mais favorável para a vitória.

Informações da Força Aérea Brasileira

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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