Em meio às já amplas incertezas sobre o futuro do Aeroporto Internacional de Viracopos, mais um fato inusitado se soma à bagunça. Segundo reportou hoje a Folha de São Paulo, a gigante companhia chinesa de comércio digital Alibaba, dona dos sites AliExpress e Alibaba, estaria negociando sua entrada na disputa pela administração do aeroporto estrategicamente localizado em Campinas/SP.
Segundo a Folha, pessoas envolvidas com a negociação informam que o Alibaba pretende entrar através da GLP – Global Logistic Properties. A GLP possui instalações logísticas em diversos países do mundo, incluindo o Brasil. O objetivo seria transformar Viracopos em um centro de distribuição do grupo chinês.
O pretensão chinesa não é um ponto sem nó. O Brasil está entre os maiores mercados do mundo para o comércio digital de produtos da China. E Viracopos já se coloca há décadas como um aeroporto de vocação cargueira internacional devido a sua localização estratégica em termos de acesso rodoviário e de condições climáticas favoráveis.
Em caso de sucesso na empreitada, Viracopos pode se beneficiar da chegada de novos voos e novas companhias aéreas. Isso porque o grupo Alibaba não possui frota de aeronaves para promover a ligação entre a China e o Brasil, como acontece com a norte-americana Amazon.
Porém, surge a incerteza sobre o futuro da movimentação de passageiros no terminal campineiro. Uma possível preocupação para a Azul, que concentra mais de 90% de todos os voos do aeroporto. Por um lado, o grupo chinês poderia focar no investimento de infraestrutura voltada ao mercado de cargas e restringir o crescimento do setor de passageiros. Por outro, poderia enxergar a Azul como um importante parceiro de distribuição aérea interna no Brasil, já que a companhia atingiu recentemente 100 destinos domésticos servidos a partir de seus principais centros em Campinas, Belo Horizonte, Recife e Cuiabá.
Viracopos encontra-se atualmente em uma disputa judicial entre a ANAC e a administradora UTC Participações. Como a evolução do movimento de passageiros e de cargas vem se mantendo em torno de 50% do que o governo projetava no momento da concessão, a UTC acumulou dívidas, entrou em recuperação judicial e solicitou a devolução do aeroporto à União. A ANAC negou a devolução e entrou com processo para caçar a concessão, que também foi negado pela justiça brasileira.
Com tudo isso, Viracopos aguarda, sem qualquer certeza, se continuará com a administração atual ou se a ANAC conseguirá a cassação para promover uma nova concessão. Enquanto isso, a administradora do aeroporto suíço de Zurich, a concessionária CCR e, agora, o grupo Alibaba movimentam-se para estar na jogada no caso da nova concessão.
Aeroporto de Viracopos tem nova alta de exportações e importações
Com informações da Folha de São Paulo.
