Gigantes aéreas mudam práticas para reduzir despesas com combustível

Imagem: Lufthansa Cargo

As grandes companhias aéreas do planeta passaram décadas apostando em uma política contratual que fixa previamente o preço dos combustíveis como defesa contra a instabilidade crescente dos custos do insumo. Agora, com mercado fragilizado na pandemia, o chamado hedge pode não ser mais o melhor negócio.

Desde 2014, o preço barril do petróleo tem sofrido variações significativas, com momentos de alta expressiva intercalados por grandes períodos de queda significativa, diferentemente do ocorrido nos anos seguintes às duas guerras do golfo, nas décadas de 1990 e 2000, quando os valores mantinham o ritmo de aumento quase constante.

Com a quase paralisação da aviação mundial em 2020, por causa da pandemia, a oferta se tornou maior que a demanda e, como preza a lei da procura, os preços caíram ainda mais, chegando a beirar os US$ 30 o barril, menos da metade dos valores de 2019. Isso acelerou o processo de diminuição dos programas de hedge das companhias.

De acordo com agência Bloomberg, a IAG SA, controladora de companhias como British Airways e Iberia, informou em maio passado que reduzirá seu hedging de combustível para cerca de 60% das necessidades pré-pandemia. Em maio de 2020, dois meses após o início da pandemia, a empresa já havia diminuído para 90% de cobertura (hedge).

“Dada a nossa experiência de perdas excessivas com operações de hedge durante a pandemia, estamos revendo nossa política de cobertura”, disse Steve Gunning, diretor financeiro do IAG, para a agência de notícias especializada em economia. “As principais alterações são que mudamos de uma política de rolagem de três anos para uma apólice de rolagem de dois anos e reduzimos os níveis máximos de hedge”.

Da mesma forma, a Deutsche Lutfthansa AG cortará seus volumes de hedge em cerca de 20 pontos percentuais. Além de reduzir a quantidade de combustível a custo protegido, as companhias também trabalham com prazos mais curtos. Enquanto o IAG planeja reduzir contratos de três para apenas dois anos, a Air France-KLM disse que agora está fazendo hedge apenas 12 meses à frente, algo novo para a empresa.

Embora geralmente fechem antecipadamente os contratos de compra para limitar custos, as companhias aéreas costumam baratear o negócio ao vender simultaneamente outros contratos que perderão dinheiro se os preços caírem. Em tempos normais, isso é compensado por custos reais de combustível mais baixos. Porém, com tão poucos aviões voando em 2020, as empresas, de repente, registraram perdas gigantescas e não têm perspectiva de recuperação no curto prazo.

De acordo jornal The Wall Street Journal, a maior empresa aérea dos Estados Unidos, a American Airlines Group Inc., abandonou as operações de hedge em 2014. Isso a fez pagar mais barato por combustíveis que muitas de suas rivais ao longo da década e hoje a companhia é das que está em melhores condições para o pós-crise (situação somada a outras medidas do governo dos EUA).

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

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