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GOL confirma que Smiles se tornou um fardo e vai reestruturá-lo

Dando sequência a um comunicado já publicado no final de 2018, a Gol Linhas Aéreas emite agora um documento denominado “Fato Relevante”, que é emitido por empresas de capital negociado em Bolsa de Valores sempre que há alguma situação que pode afetar o preço da ação, a Gol Linhas Aéreas informou que está trabalhando trazer o Smiles novamente para baixo de sua estrutura organizacional, como era no passado.

Ainda não está claro se a marca Smiles vai desaparecer, mas a contar do comunicado do ano passado, a probabilidade existe de que isso aconteça.

Segundo a Gol, a reorganização tem por objetivo assegurar a competitividade de longo prazo do Grupo, através do alinhamento de interesses de todos os stakeholders, reforçando uma estrutura de capital consolidada, simplificandoma governança societária do Grupo, reduzindo custos e despesas operacionais, administrativas e financeiras, e aumentando a liquidez no mercado para todos os acionistas, além de permitir uma oferta de produtos e serviços melhor coordenada, sendo que todos estes benefícios são necessários para que o produto SMILES seja mais competitiva no cenário de mercado desafiador que observa no momento.

Quais os motivos que levaram a tal decisão?

No documento público, a empresa lista que:

– no Brasil, a concorrência no mercado de programas de fidelidade tornou-se mais desafiadora nos últimos anos. Programas de fidelidade têm enfrentado aumentos significativos de custos de resgate, decorrentes, entre outros fatores. das maiores taxas de ocupação das companhias aéreas brasileiras, e concorrência crescente dos programas de relacionamento de bancos e cartões de crédito, os quais têm oferecido possibilidades de resgates cada vez mais atraentes e com maior disponibilidade de assentos para número cada vez maior de destinos. Adicionalmente o mercado de cartões de crédito, principal fonte recursos para programas de fidelidade se encontra estagnado e a desregulamentação do mercado financeiro com entrada de novos players a exemplo das Fintechs. tem impactado os orçamentos dos principais bancos emissores de cartões e pressionado os preços de pontos de todos os programas de fidelidade no mercado brasileiro.

– o Grupo tem realizado esforços intensos e coordenados para aumentar a atratividade dos produtos de aviação da Gol Linhas Aéreas e a atratividade do programa de fidelidade da SMILES para seus clientes e parceiros. Apesar de tais esforços, a existência de governança e bases de acionistas distintas se revelaram obstáculos para a capacidade do Grupo de realizar os investimentos necessários e a coordenação para desenvolver oferta de produtos e serviços mais competitiva. Isso se tornou um fardo para o Grupo como um todo. porém afetando principalmente o negócio de fidelidade. uma vez que a estrutura atual não permite a agilidade e integração gerencial suficientes para competir nesta nova realidade de mercado.

– O desalinhamento resultante de estruturas societárias separadas para os dois negócios prejudicou suas respectivas capacidades de competir.

Comparação com o mercado

A empresa finaliza o documento comparando sua estrutura à de outros players de mercado, da seguinte forma:

“A empresa destaca que a reorganização é consistente com as tendências recentes das indústrias de aviação e programas de fidelidade. Ressalta que um dos principais programas de fidelidade do hemisfério norte foi recentemente recomprado pela principal companhia aérea do Canadá; a companhia aérea líder do México anunciou a intenção de recomprar a participação minoritária que anteriormente havia vendido e não houve ofertas públicas iniciais de ações de programas de fidelidade controlados por companhias aéreas em aproximadamente 5 anos.

No Brasil, um dos principais concorrentes da SMILES foi incorporado pela companhia aérea cor a qual é relacionada (falam do Latam Fidelidade, agora Latam Pass), visando a aumentar sua competitividade no mercado de programas de fidelidade. Adicionalmente, foram lançados nos últimos anos diversos programas de fidelidade, patrocinados por empresas não-aéreas, que alteraram ainda mais a dinâmica competitiva nesse mercado em comparação com 2013, quando a SMILES foi originalmente segregada. Isso, juntamente com o fato que, após os eventos acima, não haverá comparável público de referência para a SMILES, reforça a necessidade da reorganização”.

Se aprovado pelos acionistas e pelos reguladores, o plano torna-se realidade em Março de 2020. Obviamente que há outros ganhos além dos supracitados como uma grande redução de custos por não manter duas estruturas separadas.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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