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Governo sul-africano quer SAA de volta no começo de 2021; entidades pedem boicote

A South African Airways deve ser relançada no primeiro semestre de 2021 como um empreendimento conjunto dos setores público e privado envolvendo um “parceiro de capital estratégico adequado”, disse o governo sul-africano. Junto ao anúncio, veio a confirmação de que o estado está disposto ajudar com um pacote de resgate de US$ 644 milhões para a implementação do plano de reorganização de negócios da SAA, que está em administração (uma espécie de recuperação judicial) desde dezembro de 2019.

Pedido de boicote

Enquanto isso, o Órgão de Vigilância da Corrupção (OUTA) apelou aos sul-africanos para boicotar a companhia aérea estatal em protesto contra o resgate anunciado. “A OUTA acredita que a SAA deve ser liquidada de uma forma que cause o menor impacto ao país. Os funcionários devem obter pacotes de indenização justos, mas esta companhia aérea não deve mais ser apoiada. A África do Sul tem prioridades muito maiores do que uma companhia aérea estatal”, disse.

O OUTA classificou o resgate como “extremamente irresponsável”, pois estava sendo financiado por meio de cortes no orçamento de 41 outras áreas. “Entendemos que dívidas precisam ser saldadas, mas não podemos assistir a receitas fiscais preciosas sendo desperdiçadas para reviver uma entidade moribunda. Os sul-africanos têm voz. Agora apelamos aos sul-africanos para boicotar a companhia aérea controlada pelo estado”, disse o CEO da OUTA, Wayne Duvenage.

À favor

O Departamento de Empresas Públicas (DPE), representante dos credores da SAA, em resposta, defendeu a controversa decisão do governo. Em um comunicado, a DPE disse que estava “engajando-se de forma construtiva no objetivo de interesse nacional de formação de uma nova companhia aérea no primeiro semestre de 2021, a qual será administrada de forma profissional e sustentável para apoiar setores econômicos importantes, incluindo o turismo”. 

O caminho para a finalização do processo de resgate e a reestruturação da companhia aérea deverão envolver: a nomeação de um conselho interino, um CEO e CFO interinos; implantação de esquema de dispensa de treinamento para 1.000 funcionários; seleção de um parceiro de capital estratégico adequado para liquidar a dívida herdada da companhia aérea, incluindo pacotes de demissão voluntária; e iniciar os preparativos para o relançamento de uma “nova companhia aérea enxuta, com tecnologia e modernizada digitalmente”.

Esse é mais um capítulo da novela da octogenária empresa aérea sul-africana, que há décadas não apresenta lucros consistentes.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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