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Governos africanos apostam em aéreas estatais com forte apelo nacionalista

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A330neo, recém adquirido pela Uganda Airlines. IMAGEM: Airbus

Num momento em que a aviação sofre com a perda de receitas e as companhias enfrentam a maior crise da história, os governos africanos têm investido na criação de companhias estatais com forte apelo nacionalista. Países da região apostam do saudosismo de eras passadas para recriar empresas extintas ou estreitar laços com o setor privados para compartilhar novos investimentos.

Nos últimos anos, Uganda, Tanzânia e Ruanda lançaram companhias aéreas nacionais. Libéria, Nigéria e Gana investem para criar as próprias empresas. Ao contrário do passado, governantes buscam abrir o setor para o investimento internacional, em vez de se dedicar a aplicação de recursos exclusivamente estatais, o que levou a quebra de muitas operadoras no passado.

No páreo

Umas mais novas empresas de bandeira a entrar em operação é a Uganda Airlines. Lançada em 30 de janeiro de 2018, a companhia nacional do pequeno e pobre país do nordeste africano tem crescido rapidamente ao oferecer a conexão entre os países da África oriental e já ameaça a hegemonia da Kenia Airways e da Ethiopian Airlines, maior e mais lucrativa companhia do continente, em algumas rotas. A companhia adquiriu o primeiro A330neo, versão mais recente do bijato de grande porte da Airbus.

Em Ruanda, a mais importante companhia aérea do país, RwandAir, tem recebido vultosos investimentos públicos e privados para expandir as operações e aumentar a presença no mercado internacional. Apesar de operar desde 2003, foi apenas na última década que passou a adquirir aeronaves diretamente dos fabricantes  e os voos passaram a crescer de forma expressiva.

Em dezembro de 2019, a Qatar Airways comprou participação de 60% no Aeroporto Internacional de Bugesera e, dois meses depois, adquiriu 49% de participação da RwandAir.

IMAGEM: S2e3t2h10, CC BY-SA 4.0, via wikimedia

A Air Tanzania foi, entre 1977 e 2002, a companhia aérea de bandeira da Tanzânia, na África oriental. A empresa encerrou as operações após um desastroso processo de privatização parcial que cedeu 49% do controle da empresa para South African Airways (SAA).

Várias tentativas de reabrir a companhia foram feitas, sem sucesso, nos anos seguintes, mas em 2016, o presidente John Pombe Magufuli deu início a um novo projeto para reviver a transportadora nacional. Lentamente, o governo adquiriu aeronaves de pequeno e médio porte até que, em 2018, A Air Tanzania voltou a voar. Atualmente, opera com nove aeronaves em rotas domésticas e em voos para Índia e África do Sul.

IMAGEM: Kelvin Mwanasoko/Wikimedia

Sem previsão

A Nigéria ainda não conseguiu viabilizar a Nigeria Air, uma parceria entre o governo nigeriano e a Ethiopian Airlines, prometida para voar no final de 2018 e adiada sucessivamente. Em 2019, o governo chegou anunciar a desistência da ideia de uma empresa nacional, mas o Ministro da Aviação, Hadi Sirika, disse em entrevista ao portal da empresa de consultoria Air Insight Group, que o plano ainda está de pé e que o projeto de uma companhia nacional está em andamento, embora não tenha se comprometido com prazos.

Gana é outro país que luta para ressurgir no mapa da aviação mundial. A última grande companhia aérea de bandeira do país, Ghana Airways, encerrou as operações em 2004, e a ex-subsidiária, Ghana International, não durou além de 2010. Agora, o governo do país possui um Memorando de Entendimento com a EgyptAir para a recriação da empresa ganense.

Já a Libéria, no noroeste do continente, se enrola, mas não desiste de ressuscitar uma companhia nacional. Em outubro deste ano, o Governo Federal e a misteriosa companhia aérea ganense Goldstar Air (GSA) firmaram uma parceria estratégica para ressuscitar a Companhia Aérea Nacional do país. A Lone Star Air – Wings Of Liberia tem planos de voar para 11 destinos internacionais. O problema, é que a sócia Goldstar nem sequer existe fisicamente, nunca lançando o prometido voo inaugural, o que coloca em dúvida os planos liberianos.

Com informações da Air Insight Group.

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