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Grande esquema de venda de benefício gera demissões nas empresas aéreas brasileiras

Um grande esquema de revenda de passagens aéreas de benefício foi revelado recentemente, gerando demissão de dezenas de pessoas.

Uma das vantagens de se trabalhar em companhias aéreas é o uso do benefício viagem, que permite voos a custos irrisórios, a depender da disponibilidade de assentos nos aviões. A principal plataforma para uso deste benefício é a MyIDTravel, criada pela Lufthansa e utilizada por todas grandes companhias aéreas, inclusive a Azul e a GOL.

Semanas atrás, houve uma grande demissão por justa causa no Aeroporto Internacional de Confins, de em torno 30 funcionários da GOL, acusados de venda de benefício-passagem. O AEROIN apurou mais detalhes deste esquema, que pode ter movimentado mais de R$1 milhão de reais.

O Vape

O esquema começou a ser descoberto após um passageiro que estava voando de benefício decidir fumar um cigarro eletrônico dentro de um voo da LATAM na Ponte Aérea, em janeiro passado. Por conta disso, foi necessária a volta do avião para o portão e o passageiro foi desembarcado, gerando um atraso de 35 minutos na chegada ao destino.

Existe uma regra do benefício que diz que, caso o funcionário ou seus dependentes não sigam as regras vigentes para o voo, incluindo a de segurança, este perderá seu benefício ou até pode ser demitido por justa causa. O comportamento errático do passageiro com seu vape fez as empresas suspeitarem de que algo poderia estar errado, e elas começaram um “pente fino” nos benefícios. Foi quando a fraude foi descoberta.

No caso da demissão dos funcionários da GOL em Confins, havia relatos que alguns receberam até R$17 mil para vender o seu benefício por um ano. Neste caso, a pessoa cadastrava um desconhecido como beneficiário e este poderia desfrutar dos voos com descontos na GOL e outras empresas aéreas mundo afora.

“Perdi R$1 milhão”

Em áudio obtido pelo AEROIN, uma pessoa que seria responsável por intermediar a venda de benefício na Passaredo falou a um grupo de WhatsApp que “por causa de um miserável que fumou um vape dentro do avião acabou o esquema, perdi mais de R$1 milhão de reais, ai vem vocês falarem que estou roubando os outros”.

Esta pessoa, ainda não identificada, teria organizado a venda de vários benefícios, cobrando entre R$15 mil e R$28 mil dos passageiros, que eram avisados sobre os termos e condições, que inclusive incluem a perda em caso de demissão do funcionário ou alguma suspensão.

Com o pente-fino feito pelas empresas Azul, GOL e Voepass, vários funcionários tiveram o benefício suspenso ou foram demitidos, e a pessoa que comprou o benefício perdeu acesso ao MyIDTravel, não podendo mais emitir passagens. Revoltados, eles foram atrás do intermediário e também de funcionários.

Tabela explicativa sobre o esquema que era oferecida aos passageiros

“Olha o tanto de gente que vai ser demitida, funcionários chorando, nessas horas tem que se ajudar, vocês não pensam nos funcionários. Tem muita gente que aí agora seria só pagar a renovação, por isso eu falo pra não ficar trocando de cadastro, só comprar um cadastro, muito cuidado para oferecer para as pessoas, ao embarcar, sempre cobrei isso aqui, 12 anos já trabalhando com isso”, afirma o intermediário em outro áudio enviado para outro grupo.

Ameaças contra funcionários e participantes do esquema teriam acontecido em vários níveis, mas até o momento o caso ainda não teria chegado à polícia.

Enquanto isso, as companhias aéreas têm adotado sérias medidas contra estes esquemas, que incluem uma limitação do uso do benefício, não contratação de pessoas envolvidas (inclusive falsos beneficiários) e até exclusão de programas de fidelidade.

Outra tabela informativa sobre a venda de benefício na GOL
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