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Há oportunidades para a Embraer após a compra da Hawaiian pela Alaska Airlines

ANÁLISE – Uma nova mudança no jogo das companhias aéreas nos EUA pode favorecer em muito a fabricante brasileira de aviões brasileira Embraer.

A empresa de bandeira do Havaí, a Hawaiian Airlines, entrou num acordo para que a Alaska Airlines se torne a nova dona da empresa, combinando as companhias aéreas sediadas mais ao oeste dos EUA e com a identidade mais regional possível.

Enquanto as duas empresas têm várias coisas em comum, como o orgulho de representarem seu estado, atendimento altamente elogiado pelos passageiros e uma cultura própria de crescimento, elas divergem de maneira estridente em um ponto: a frota.

E é neste ponto que pode estar o pulo da Embraer. Hoje a Alaska conta apenas com Boeing 737 Next Generation e MAX na sua frota principal, enquanto a subsidiária Horizon Air opera exclusivamente com jatos Embraer E175-E1.

Já a Hawaiian opera apenas com aviões Airbus A321neo, A330-200 e Boeing 717, com uma ampla encomenda de Boeings 787 Dreamliners para substituir os A330.

Como se percebe, as empresas não têm nenhum avião em comum, mas teriam caso o acordo tivesse sido fechado semanas atrás, enquanto a Alaska ainda operava o A321neo oriundo da compra Virgin America.

E esta rejeição da Alaska a operar aviões Airbus pode contribuir indiretamente para a Embraer. Isso porque os jatos Boeing 717 da Hawaiian, que operam exclusivamente nas rotas entre as ilhas do estado, já têm mais de 20 anos de idade em média e serão substituído em breve.

Devido ao fato de fazerem vários voos curtos, chegando a 21 minutos em alguns casos, as aeronaves sofrem mais stress do processo de pressurização e despressurização, quando comparado aos Boeing 717 que operam no resto do mundo e que têm uma etapa média próxima ou superior a 60 minutos.

Com isso, mesmo antes de baterem 30 anos, que é quando os aviões começam a ser aposentados, a Hawaiian já quer iniciar a troca dos Boeing 717.

A preocupação com meio ambiente também bate à porta e mais forte em locais isolados que dependem do fluxo turístico. Os motores do Boeing 717 são mais antigos e poluem mais, proporcionalmente, do que os do A321neo e dos futuros 787.

Boeing 717

Por causa disso, um substituto é necessário e a decisão deverá ser tomada em breve. E o Embraer E195-E2 se posiciona como grande candidato, concorrendo naturalmente com o Airbus A220-100.

Mas a Embraer pode ter uma vantagem extra agora: a Alaska é uma grande operadora do E175, com 41 aeronaves além de outras encomendadas. A experiência positiva da companhia, que inclusive largou os aviões canadenses CRJ-700 e Dash Q400 para unificar a frota em torno do Embraer, pode influenciar nesta decisão.

Apesar do E175-E2 não ser certificado, ele é hoje o avião de nova geração mais próximo do mercado regional americano que é limitado em tamanho pela cláusula do sindicato dos pilotos das grandes aéreas.

Uma análise futura de uma frota de E175-E2 no continente, junto do E195-E2 no Havaí, pode favorecer a fabricante brasileira, visando a uma redução de custo por simplificação da frota. Até mesmo a curto prazo um mix de E175-E1 com E195-E2 pode ser vantajoso tendo em vista que os pilotos e comissários podem voar as duas aeronaves por ser uma habilitação única.

Um outro ponto é que a Alaska tem certa rejeição com a Airbus e sempre estampa que é “Orgulhosamente uma empresa 100% Boeing”, também denotando o fator da boa vizinha porque, apesar do nome, a empresa é sediada em Washington junto da Boeing, e não no Alasca.

A prova da rejeição é a devolução dos novos A321neo que eram da Virgin, mesmo sendo aeronaves consagradas no mercado e que a Hawaiian têm usado muito para abertura de rotas inéditas para a costa oeste, exatamente onde a presença da Alaska é maior.

Divulgação – Southwest Airlines

A Boeing, por outro lado, pode oferecer o 737 MAX 7, que é uma aeronave consideravelmente maior que o Boeing 717, consequentemente com custos de operação maiores. Pesa neste fator a concorrente Southwest Airlines, que tirou o monopólio dos voos à jato intra-ilhas da Hawaiian, usando exatamente o 737 MAX, mas na versão 8, que é ainda maior mas que também faz os voos para o continente, fazendo uma rotação de frota.

Esta opção porém faria mais sentido caso o A321neo fosse preterido novamente pela Alaska, tirando de vez a Airbus da Hawaiian. Mas da mesma maneira a fabricante europeia pode fazer uma oferta boa para mais A321neo com descontos no A220, aumentando a disputa pelo lugar do Boeing 717.

A disputa não iniciou oficialmente, mas promete ser uma das mais importantes para a Embraer, que pode conseguir finalmente seu primeiro cliente no maior mercado do mundo, e ter pela primeira vez seus aviões voando comercialmente em um dos dois únicos estados que ela não atinge hoje: o Havaí e Delaware, sendo este último realmente por não ter voos comerciais de nenhuma empresa aérea.

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