
Um ano atrás, o Antonov An-225 Mriya, então maior aeronave comercial do mundo, fazia sua última viagem. Naquele momento, começo de fevereiro do ano passado, tropas russas já se colocavam na fronteira com a Ucrânia, numa ameaça que viria a se tornara invasão do país vizinho e uma guerra que já dura quase doze meses.
No dia 6 de fevereiro de 2022, o jato de seis motores decolou da Dinamarca, para onde levara kits de teste de Covid-19 produzidos na China, para sua base principal, em Gostomel, a noroeste de Kiev, onde deveria passar por uma manutenção de motor. Dali, o An-225 jamais decolaria outra vez.
Em 24 de fevereiro, tropas russas de assalto tático desembarcaram no aeroporto de Gostomel. Eles foram enviados para tomar o controle do aeroporto, que era disputado com Ucrânia. Durante as batalhas, o hangar do Mriya foi destruído em um bombardeio e, junto com ele, se esvaía também a maior aeronave comercial já construída.
Se um dia haverá outro exemplar do Antonov An-225, apenas o tempo dirá. Por ora, fica a lembrança daquele último voo de uma aeronave emblemática e única.
O An-225
Apenas um exemplar do Antonov An-225 Mriya foi construído na década de 1980, com objetivo de transportar a nave espacial soviética Buran, tornando-se uma parte importante da história da aviação. O avião foi modernizado mais de uma vez e podia transportar grandes cargas de maneira eficaz e segura, com uma capacidade que nenhuma outra máquina voadora tinha ou tem até hoje.
Com uma envergadura de 88,4 metros e uma capacidade de carga útil de 250 toneladas, o avião também foi um importante meio de transporte para ajudar a combater a pandemia de Covid-19, transportando dezenas de milhares de toneladas e equipamentos de proteção individual, kits de teste e outros objetos.
Foi durante a pandemia o período que o Antonov An-225 mais voou em sua história como avião de carga comercial. A aeronave pousou duas vezes no Brasil em toda sua história de mais de 30 anos.