
Quedas de cavalos, problemas no parto, acidentes com picadas de cobra e com outros animais, fraturas ósseas e crises renais. Esses são alguns dos problemas de saúde enfrentados pelos ribeirinhos que vivem em regiões isoladas no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Distantes em até 200 quilômetros de grandes centros urbanos, a população ribeirinha enfrenta longas jornadas pelo Rio Paraguai em busca de atendimento médico. Em situações graves e de emergência, militares da Marinha do Brasil (MB) entram em ação para auxiliar os moradores com problemas e transportá-los para hospitais em Corumbá (MS).
Com o emprego de helicópteros modelo UH-12 Esquilo, o Comando do 6º Distrito Naval (Com6ºDN), por meio do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Oeste (1ºEsqdHU-61), atravessa as regiões isoladas do Pantanal para resgatar pacientes. Ao longo de 2024, foram realizadas 44 evacuações aeromédicas (EVAM) em diversas regiões do Pantanal sul-mato-grossense.
As solicitações de resgate em casos de urgência médica são recebidas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, que, após constatar que a região é de difícil acesso ou inviável via terrestre, aciona o apoio do Com6ºDN.
Dentre os casos de resgate, destacam-se o resgate de um bebê de um ano, que apresentava quadro de febre, diarreia e desidratação, e cinco partos, sendo um deles de uma ribeirinha de 13 anos.
“Tínhamos a informação de uma gestante possivelmente em trabalho de parto. Quando chegamos ao local, em uma região a 70 km de Ladário (MS), fiz os primeiros atendimentos. A adolescente já estava em trabalho de parto ativo, com frequência e duração das contrações altas, além de 8 centímetros de dilatação. Foi preciso agilidade e análise para verificar se daria tempo de chegarmos até a maternidade, mas conseguimos levá-la com segurança até a Santa Casa de Corumbá”, contou o Segundo-Tenente (Médico) Matheus De Oliveira Morais, que serve no Hospital Naval de Ladário. “As EVAM são experiências significativas para minha carreira como médico e distantes da realidade que vivemos na faculdade. Temos que realizar o primeiro atendimento em áreas remotas, sem estrutura e suporte”, explicou.
O Cabo (Aviônica) Jorge Miguel Peçanha Zolabarrieta, natural de Ladário, atua como fiel de aeronave (responsável por auxiliar o piloto durante o voo) desde o início de 2024, quando retornou de São Pedro da Aldeia (RJ), onde servia, para sua cidade natal. Em setembro, o militar participou de sua primeira EVAM na região do Paiaguás, a 65 km de Ladário.
“Foi uma experiência marcante, principalmente por ser minha primeira evacuação aeromédica. Era época de queimadas no Pantanal e a visibilidade estava muito baixa por causa da fumaça. Não sabia se conseguiríamos cumprir a missão e se o local era adequado para pousos. Ajudei o médico a desembarcar e auxiliei no deslocamento do paciente até a aeronave, com muito cuidado, pois ele apresentava fratura nas costelas. Foi um momento de euforia e uma sensação de dever cumprido. Retornar à minha cidade natal, onde iniciei minha vida militar como Marinheiro-Recruta, e agora poder colaborar diretamente com a população local é algo que me traz uma enorme satisfação pessoal”, declarou.
Informações da Marinha do Brasil
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