Homem torna-se o primeiro portador de HIV a virar piloto comercial na Europa

Vencendo uma das mais controversas regras europeias, James Bushe se tornou a primeira pessoa soropositiva a adquirir uma licença de piloto comercial e voar um avião de passageiros no continente. Era um sonho que ele sempre teve, desde que era pequeno.

Segundo a mídia europeia reportou nessa semana, em 2017 foi relatado que Bushe, à época referido sob o pseudônimo de “Anthony”, não conseguiu se tornar um piloto comercial devido ao seu status de HIV positivo.

Naquele momento, ele foi impedido de conseguir um lugar em um programa de treinamento para pilotos da easyJet devido à interpretação das regras da Autoridade de Aviação Civil (CAA) estabelecidas pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).

A interpretação do regulamento ditava anteriormente que os pilotos já qualificados e voando, que contraíssem o HIV, poderiam continuar a voar, mas os candidatos que viviam com o HIV não poderiam obter o atestado médico necessário para se tornar um piloto.

Mas a regra ultrapassada caiu

No sábado, 11 de janeiro, após a revogação da política pela CAA, Bushe fez um voo comercial de Glasgow para Stornoway, tornando-se piloto da companhia aérea escocesa Loganair, entrando para a história e abrindo caminho para outros jovens com o mesmo sonho.

O piloto disse que espera inspirar outras pessoas vivendo com HIV que sofreram discriminação devido ao seu diagnóstico.

“Eu só queria poder enviar essa mensagem a qualquer pessoa que vive com HIV e que seja discriminada ou que enfrente barreiras em qualquer emprego, ou que queira ser piloto, para lhes dizer que isso é absolutamente possível”, Bushe, que foi diagnosticado com HIV em 2014, disse ao BuzzFeed News.

O piloto de 31 anos explicou que ele foi inspirado a divulgar seu diagnóstico publicamente em setembro de 2019, depois de twittar sua história no perfil @PilotAnthony. Ele seguiu o exemplo do ex-jogador profissional de rugby Gareth Thomas, que também abriu sobre ser HIV positivo.

“Tenho amigos e familiares incrivelmente solidários. E se uma pessoa se beneficia comigo fazendo isso… então eu tenho certeza que é a coisa certa a se fazer”, disse ele, sobre abrir seu diagnóstico ao público.

O elogio ao piloto

Muitas foram as respostas positivas. A CAA divulgou uma declaração sobre a conclusão do treinamento de Bushe, elogiando-o por aumentar a conscientização “dos desafios enfrentados pelos aspirantes a piloto que vivem com HIV”.

“Por vários anos, promovemos mudanças em nível internacional das regras atuais que afetam os pilotos com certas condições médicas, incluindo o HIV”, disse o Dr. Ewan Hutchison, chefe de avaliação médica da CAA.

O Dr. Hutchison disse que a organização está “fornecendo conhecimentos médicos” para apoiar a EASA “com a encomenda de uma revisão de pesquisas recentes relacionadas ao HIV”.

“Esperamos que isso possa resultar na remoção de algumas restrições relacionadas aos atestados médicos de pilotos comerciais e de aspirantes que vivem com HIV”, acrescentou.

Não aceitar o ‘não’ como resposta

Nathan Sparling, CEO do HIV Scotland, enfatizou o impacto que Bushe teve em incentivar os aspirantes a piloto que vivem com HIV a não desistir de suas ambições. “É realmente impressionante que alguém não tenha aceitado o não como resposta”, afirmou Sparling.

piloto

“E durante a campanha, as pessoas vieram até nós e disseram: ‘Eu também queria ser piloto, mas presumi que as regras nunca mudariam”. “James fez tudo o que pôde para mudar as regras. E não apenas isso, ele se tornou um piloto comercial”.

No Twitter, Bushe postou anteriormente que era incapaz de aceitar o esquema de treinamento de pilotos da easyJet e que ela não poderia “destruir um sonho de infância” e que, por isso, ele correria atrás.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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