IATA define as três prioridades que o transporte aéreo mundial de carga deve ter

Boeing 747-8 cargueiro

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association) destacou três prioridades para permitir que o setor de transporte aéreo de carga mantenha o ritmo em meio a um ambiente operacional cheio de desafios.

As prioridades foram definidas no 16º Simpósio Mundial de Carga (WCS), que começou ontem, 25 de abril, em Istambul, na Turquia, e vai até amanhã, 27. São elas:

– Sustentabilidade

– Digitalização

– Segurança

Brendan Sullivan, chefe global de carga da IATA, comentou que o transporte aéreo de carga é um setor diferente daquele do início da pandemia, pois as receitas são maiores do que antes da pandemia e os rendimentos são maiores, e o mundo viu como são importantes as cadeias de suprimentos, porém, há preocupações a serem consideradas.

“A contribuição da carga aérea para os resultados das companhias aéreas ficou mais evidente. Mas ainda estamos ligados aos ciclos de negócios e eventos globais. Desta forma, a guerra na Ucrânia e a incerteza sobre fatores econômicos fundamentais, como taxas de juros, taxas de câmbio e aumento de empregos, são preocupações reais para o setor hoje. Na situação atual, as prioridades do transporte aéreo de carga não mudaram; precisamos continuar nosso foco na sustentabilidade, digitalização e segurança”, disse Sullivan.

Sustentabilidade

A sustentabilidade é uma prioridade básica e a licença do setor da aviação para fazer negócios. Em outubro passado, na 41ª Assembleia da OACI, os governos definiram o Objetivo Aspiracional de Longo Prazo (LTAG) de zero emissão líquida de carbono até 2050, alinhado ao compromisso adotado pelo setor em 2021.

O combustível sustentável de aviação (SAF) é fundamental para atingir esse objetivo, pois deve colaborar com 65% da redução de carbono, mas os níveis de produção de SAF representa um desafio. A IATA pediu incentivos dos governos para aumentar a produção.

“O SAF está sendo produzido. E cada gota está sendo usada, pois o problema é que as quantidades são pequenas. A solução está nos incentivos políticos dos governos. Com esses incentivos à produção, poderíamos ter 30 bilhões de litros de SAF disponíveis até 2030. Mesmo assim, essa quantia ainda estaria longe do que precisamos. Mas seria um ponto de partida no nosso objetivo de zero emissão líquida, com altas quantidades de SAF a preços acessíveis”, disse Sullivan.

A IATA destacou três outras áreas em que trabalha para apoiar a transição energética do setor:

– Apoiar cálculos e compensações de carbono eficazes com o desenvolvimento de uma metodologia precisa e padronizada de cálculo de emissões e o lançamento do CO2 Connect for Cargo ainda este ano – uma ferramenta precisa para calcular emissões de operações;

– Expandir o programa de certificação IEnvA (IATA Environmental Assessment) para aeroportos, instalações de manuseio de carga, despachantes de carga e auxiliares de rampa para permitir que o setor impulsione o sucesso comercial, crie confiança em nossas ações de sustentabilidade e gere impacto positivo no setor;

– Desenvolver métricas ambientais, sociais e de governança (ESG) para eliminar as várias metodologias utilizadas com o ESG Metrics Guidance for Airlines.

Digitalização

A carga aérea precisa melhorar sua eficiência de forma contínua. A área com maior potencial é a digitalização. A IATA delineou três objetivos:

– 100% das companhias aéreas usando o ONE Record até janeiro de 2026. Essa iniciativa substituirá os vários padrões de dados usados nos documentos de transporte por apenas um registro em cada embarque de carga. A Cargo Services Conference concordou no último domingo que deseja atingir 100% das companhias aéreas até 1 de janeiro de 2026 e o Cargo Advisory Council apoia essa meta;

– Garantir padrões digitais em vigor para apoiar a cadeia de suprimentos global. A orientação foi concluída sobre os dispositivos de rastreamento (diretrizes do IATA Interactive Cargo) usados para monitorar a qualidade e a precisão das condições de mercadorias enviadas para o mundo todo com exigências relacionadas ao tempo e controle de temperatura;

– Garantir a conformidade e o suporte para alfândega, facilitação do comércio e outros processos governamentais cada vez mais digitalizados. A digitalização desempenha um papel importante na evolução das estratégias de facilitação do comércio, reduzindo as barreiras operacionais nas fronteiras e gerenciando os fluxos das mercadorias com segurança.

Segurança

“Ao lado da sustentabilidade e eficiência está a segurança. As discussões do transporte aéreo de carga continuam com foco nas baterias de lítio. Muito já foi feito, mas, honestamente, ainda não é o suficiente”, alertou Sullivan.

A IATA definiu três prioridades de segurança para o transporte aéreo de carga:

– Eliminar despachantes desonestos. As autoridades da aviação civil devem tomar medidas drásticas contra os despachantes que não declaram baterias de lítio em envios de carga ou correspondências;

– Acelerar o desenvolvimento de um padrão de teste para contêineres de aeronaves resistentes ao fogo com um incêndio envolvendo baterias de lítio;

– Garantir o reconhecimento dos governos do padrão único para identificar todos os veículos movidos a bateria de lítio, que entrará em vigor a partir de 1 de janeiro de 2025.

“O transporte aéreo de carga é um setor extremamente importante, pois ajuda a construir um futuro melhor para as pessoas do mundo todo, além de salvar vidas, entregando produtos de ajuda aos necessitados. O setor se mobilizou para ajudar os afetados pelos terremotos na Síria e Turquia. É fundamental trabalhar em conjunto para garantir que o transporte aéreo de carga continue um meio confiável e eficiente de fornecer suporte aos necessitados, simultaneamente fortalecendo nossas cadeias de suprimentos globais e contribuindo para o desenvolvimento sustentável das nossas economias”, concluiu Sullivan.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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