IATA recomenda não proibir o transporte de baterias de íon-lítio em voo

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A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) disse recentemente que não recomenda a proibição de baterias de íon-lítio a bordo de aeronaves, mesmo após o incêndio com uma carga de celulares.

Carga de celulares com baterias de íon-lítio pegando fogo em um incidente no começo de abril.

No mês passado, um Airbus A330-200F estava sendo preparado para partir do Aeroporto Internacional de Hong Kong com destino ao de Bangkok e iria levar a bordo uma carga de celulares do modelo Y20 da fabricante chinesa Vivo, que são equipados com baterias de íon-lítio.

Parte da carga se incendiou, felizmente antes de embarcar na aeronave, e o incêndio provavelmente foi gerado pelas baterias de íons-lítio dos celulares, que são capazes de se inflamar espontaneamente sob calor ou dano físico.

Após o incidente com os dispositivos móveis da Vivo em Hong Kong, diversas companhias aéreas, inclusive uma empresa marítima, proibiram o embarque e envio de celulares do mesmo modelo, por receio de incêndio a bordo.

Conforme relata o site The Load Star, a IATA então abriu uma discussão, posicionando-se contra a proibição do envio desses aparelhos, dizendo, através de Nick Careen, vice-presidente sênior de carga e segurança de passageiros em aeroportos, que a segurança e proteção são prioridade número um na aviação. “O incidente mais recente em Hong Kong mostra como as coisas realmente são arriscadas, mas continuamos a gerenciar esse risco.”

Ele justifica o posicionamento dizendo que a demanda do mercado de baterias de íon de lítio continua crescendo. Dessa forma, ele pede a colaboração de todos, inclusive dos governos, com testes, supressão de incêndio, dados e compartilhamento de dados.

“Ninguém jamais foi criminalizado por riscos que colocaram na cadeia de abastecimento. Isso precisa mudar. As pessoas devem ser responsabilizadas.”, disse Nick.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo informa que, junto à indústria, estará focada nas próximas semanas de modo a isolar esses problemas, dando atenções específicas. “É seguro, mas os riscos envolvidos precisam de mais ajustes. Não estamos à beira de uma proibição, mas precisamos entender o que mais podemos fazer.”

Outro ponto importante a se observar, segundo um especialista em produtos perigosos da IATA, é que alguns lotes de vacinas transportadas continham baterias de íon-lítio, e se uma proibição fosse imposta, o transporte rápido das vacinas seria afetado.

Mesmo com várias companhias vetando o embarque dessas baterias a bordo, outras estão investindo para levá-las aos seus destinos em segurança, como é caso da Cathay Pacific Cargo, que está investindo fortemente em sacos específicos para contenção de incêndios, chamados de FCB.

A companhia já utiliza esses sacos especiais de 50 quilos de capacidade, que controlam a propagação de um possível incêndio através do baixo índice de oxigênio, dando mais tempo à intervenção para o controle, e agora finalizou testes em sacos maiores, devido à crescente demanda das baterias.

Segundo Alex Leung, gerente de produtos de carga, desde o lançamento da solução FCB, a demanda por remessas de baterias cresceu continuamente, apesar das restrições de capacidade devido à Covid-19. O tamanho aprimorado do saco oferece o mesmo nível de garantia de segurança e é igualmente fácil de encomendar.

Relembre abaixo o caso do incêndio em parte da carga de celulares:

 

Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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