Ideia de liberar a cabotagem na aviação do México é criticada pela ALTA; veja o que ela diz

Avião Boeing 787-8 AeroMexico

A Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA) emitiu seu posicionamento nesta semana a respeito de uma discussão de importância crítica para o futuro do transporte aéreo no México.

Segundo a entidade, a autorização da cabotagem, sendo atualmente avaliada no país, representa uma medida que coloca em risco a conectividade dos países e só é implementada em situações em que:

– O país não tem conectividade (o que não é o caso do México);

– Há uma falha de mercado (o que não é o caso do México);

– Não há uma indústria aérea forte no país (também não é o caso do México).

A cabotagem é a prática em que uma empresa aérea estrangeira é autorizada a realizar voos domésticos no país. O tema também esteve em pauta no Brasil há alguns anos, momento em que a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) se posicionou contrária, também alertando que estes voos podem comprometer a sobrevivência das empresas e do ambiente de negócios.

A ALTA destaca que existem 220 rotas operadas por 8 companhias aéreas locais no México, que atendem seus 32 estados – um país extraordinariamente conectado que, em 2022, bateu recorde na movimentação de passageiros com mais de 107 milhões, dos quais mais de 50% movimentados dentro de seu território nacional.

Além disso, como referência, o México tem mais operadoras aéreas do que, por exemplo, o Brasil, que tem 230 milhões de habitantes e uma economia forte onde, de fato, a Lei proíbe a prática da cabotagem.

A implementação da oitava liberdade do ar (cabotagem) não é uma medida relacionada ao barateamento das passagens aéreas (conceito econômico), mas sim um aspecto técnico que impacta na conectividade aérea, segurança, entre outros.

A grande maioria dos países permite, no máximo, a quinta liberdade do ar, e reciprocamente, nunca unilateralmente, mesmo em países que não possuem forte conectividade e mercados como o México. Atualmente, no mundo, apenas 31 nações possuem cabotagem, e a grande maioria, reciprocamente.

Ao contrário do que pode parecer inicialmente, permitir a cabotagem é uma medida extremamente agressiva que fragiliza a indústria local e acaba prejudicando os passageiros, a movimentação de cargas e, consequentemente, o país em termos de arrecadação de impostos, geração de empregos e número de rotas, que seriam diminuídas.

José Ricardo Botelho, CEO da ALTA, comentou que no México existe uma concorrência efetiva e agressiva entre operadoras que resulta em mais e melhores opções para os usuários.

“É uma indústria que gera empregos diretos e que promove turismo, negócios e investimentos em todos os cantos do país. A viabilização da cabotagem permitiria às companhias aéreas de outros países conquistar mercado doméstico sem investir no país, em sua conectividade e na geração de empregos. Ao mesmo tempo, reduziria os incentivos para investir em companhias aéreas nacionais, no desenvolvimento da conectividade nacional, mesmo em rotas menos atrativas, afetando, em última análise, os preços dos voos e prejudicando o emprego e o crescimento”, alertou Botelho.

“O resultado é que as companhias aéreas estrangeiras se concentram principalmente nas rotas principais e lucrativas com preços marginais vagos, deslocando operadoras locais que geram investimentos e empregos no país, mesmo em lugares remotos e destinos cujas rotas não são tão rentáveis ​​e isso, a longo prazo, reduz a conectividade do país e as opções para os cidadãos”, completou o CEO da ALTA.

Para continuar expandindo o acesso ao transporte aéreo no México, a ALTA afirma que deve-se começar com conceitos relacionados a preços: custos.

“O ano de 2023 trouxe consigo níveis significativos de inflação global, desvalorização da moeda em nossa região e preços de combustível entre os mais altos da história. Além disso, países como o México mantêm impostos e taxas muito altos que aumentam o preço das passagens.

O México historicamente conseguiu crescer em número de passageiros e estamos juntos -indústria e governo – na missão de continuar proporcionando a mais pessoas o acesso ao meio de transporte mais seguro e eficiente.

Como uma organização que reúne mais de 155 empresas do ecossistema da aviação, nos colocamos à disposição das autoridades mexicanas para fornecer as melhores práticas para sua análise técnica no interesse mútuo de cuidar e promover a competitividade, a conectividade e as opções de transporte cada vez melhores para mexicanos.

A ALTA deseja contribuir com seu conhecimento e de todos os seus membros para assegurar o desenvolvimento saudável da indústria aeronáutica no México e na região”, conclui a Associação.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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