Início Variedades

Imigrante passa 1 ano morando em aeroporto e é liberado após apoio de um terceiro país

Receba essa e outras notícias em seu celular, clique para acessar o canal AEROIN no Telegram e nosso perfil no Instagram.

Mhmad Motawa na sala de refugiados no Terminal 3 do Aeroporto de Jacarta

Um homem sírio ficou um ano detido no Aeroporto Internacional Soekarno-Hatta, de Jacarta, na Indonésia, após ter sido pego durante uma viagem para a vizinha Malásia. A libertação ocorreu apenas após intervenção da Nova Zelândia.

Mhmad Motawa, de 41 anos, pai de dois filhos, teve seu passaporte confiscado e sua entrada negada na Malásia quando viajava a partir da Indonésia em dezembro de 2019. Ele foi enviado de volta ao aeroporto de origem, em Jacarta, capital indonésia, de onde deveria ser deportado de volta para a Síria.

A história foi contada pelo jornal neozelandês Stuff. Motawa havia deixado seu país do oriente médio em 2009. Depois, ele voltou para a terra natal em 2011 para se casar, mas deixou novamente a Síria logo em seguida, quando a guerra começou. Passou a viver na Arábia Saudita, como refugiado. Porém, quando o governo árabe cancelou o asilo e ameaçou deportar o casal e os dois filhos, começou uma peregrinação por diferentes países à procura de refúgio.

Retenção

A esposa e os filhos de Motawa tiveram que ir para a Síria enquanto ele procurava se estabelecer em outro país para levar a família. Até que, em dezembro de 2019, quando ele tentava entrar na Malásia partindo da Indonésia, logo na chegada, foi barrado e envido de volta para Jacarta. Seus documentos foram retidos até que sua deportação para a Síria fosse liberada. Mas a pandemia e a guerra suspenderam os voos entre os dois países e o refugiado ficou à espera de uma definição sobre sua situação.

De acordo com o jornal, Motawa ficou sem comer por 35 horas no início da sua detenção. Foi enviado para um quarto de poucos metros quadrados, dois beliches, banheiro e chuveiro, localizado na área restrita do Terminal 2 do aeroporto. Ficou lá por cinco meses, enquanto dividia sua “cela” com diversos outros passageiros retidos que circularam por ali. Nesse período, contraiu COVID-19, mas se recuperou sem atendimento hospitalar.

Os últimos sete meses de detenção foram passados em uma sala adaptada no Terminal 3. No novo local não havia banheiro, que só podia ser usado no corredor com autorização e supervisão da segurança.

Sem ajuda na Indonésia, contou com apoio de colegas de retenção para adquirir roupas, já que as suas estavam se estragando. Os outros retidos no aeroporto ficavam apenas poucos dias ou semanas, já que, na maioria das vezes, eram ajudados por seus países de origem. Fugitivo de um país em guerra e em situação irregular, Motawa não tinha a quem recorrer.

Ele tinha acesso a televisão e internet, enquanto podia pagar pelo uso. Assim, estudou inglês e então pediu ajuda para órgãos da ONU. Finalmente, as Nações Unidas ajudaram Motawa e a Imigração da Nova Zelândia o aceitou na condição de refugiado após entrevistas e rigorosos exames de saúde e policiais.

Ele recebeu de volta seu passaporte apenas 30 minutos antes do voo para o novo país e pousou na cidade de Auckland em 29 de dezembro. Após isolar-se e passar 20 dias no centro de reassentamento de Mangere, ele se mudou para Christchurch, onde permanece até hoje. Sua família permanece na Síria.

Sair da versão mobile