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Insetos a bordo: por que a crise aérea impede que abelhas cheguem a seu destino?

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Imagem: Aeroporto de Vancouver

Um movimento curioso registrado na última sexta-feira, 9 de abril, mostra como atividades das mais diversas e inimagináveis foram afetadas pelos impactos da crise gerada pela pandemia da Covid-19.

Conforme mostrou o Aeroporto Internacional da Vancouver, no Canadá, uma carga muito especial chegou ao país na sexta-feira. Você sabia que abelhas são transportados de avião ao redor de todo o mundo para promoverem polinização? Foi exatamente o que chegou por lá, mas esta chegada revela mais uma consequência da crise.

Este carregamento de abelhas vivas representa apenas uma das poucas encomendas que têm sido entregues no Canadá, entre muitas outras que não estão chegando ao país devido aos cancelamentos de voos, resultantes das dificuldades que as empresas aéreas enfrentam pelas restrições da pandemia.

Como apresentado no começo deste mês de abril pelo portal The Western Producer, apicultores profissionais e amadores estão sendo muito afetados após encomendas de abelhas da Nova Zelândia não chegarem ao país, em função das constantes alterações e reduções de voos da Air Canada, que costuma fazer o longo transporte aéreo desde a Oceania até a América do Norte.

Embora haja outras empresas que fazem ligações aéreas entre os países, apenas algumas delas, como a Air Canada com seus Boeings 777, possuem o tipo de controle climático do compartimento de carga adequado para este transporte. Abelhas agregadas nos pacotes especiais de envio geram uma enorme quantidade de calor, e a manutenção da temperatura correta é fundamental para evitar um sobreaquecimento e garantir a sobrevivência delas.

Imagem: Aeroporto de Vancouver

Segundo o reporte do Western Producer, de 50 pallets de abelhas encomendados da Nova Zelândia para abastecer cerca de 30 mil colmeias, na atual situação apenas sete ou oito devem conseguir chegar ao Canadá nos próximos meses. Com a falta de abelhas, há um impacto milionário nos negócios de produção de mel e também na polinização das mais diversas culturas de árvores frutíferas.

Além da Nova Zelândia, também são grandes produtores de abelhas a Austrália, o Chile e a Ucrânia, porém, estes dois últimos, mais próximos ao Canadá, estão sem estoques para envio. Assim, resta encomendar dos longínquos países da Oceania, levando à dificuldade logística de encontrar voos com aviões adequados aos requisitos especiais do transporte.

No caso da última sexta-feira, por exemplo, as abelhas que chegaram a Vancouver foram despachadas da Austrália, através de um voo da empresa aérea taiwanesa China Airlines.

Rod Scarlett, diretor-executivo do Conselho Canadense do Mel, disse que conversou com a Air Canada e com o Ministério da Agricultura do Canadá sobre a necessidade do aumento do número de voos chegando da Austrália e da Nova Zelândia.

Ron Greidanus, apicultor e diretor da Comissão de Apicultores de Alberta, também reforçou a necessidade: “O negócio da aviação, devastado pela COVID, está perdendo dinheiro como o cara em Jurassic Park que se deparou com o fim do negócio de raptores. A solução é, precisamos ter aviões voando.”

Segundo a Air Canada, sua divisão Air Canada Cargo costuma transportar caixas de abelhas vivas na primavera para apoiar a indústria agrícola, sendo, a cada ano, 250.000 rainhas e 40.000 pequenas colônias de abelhas importadas para o país em nome de agricultores.

Imagem: Air Canada

Um comunicado da própria aérea em seu site em junho do ano passado mostrava que já existia uma preocupação quanto à falta de voos para transporte das abelhas. A empresa afirmava que “a capacidade global de voos restrita poderia contribuir para a escassez de abelhas na próxima temporada”. Infelizmente é o que está acontecendo.