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Investigação sobre o Airbus A380 que perdeu parte do motor em voo chega ao fim

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O Escritório de Investigação e Análise para Segurança da Aviação Civil da França (BEA) publicou nesta semana o relatório final sobre o acidente envolvendo o Airbus A380 que perdeu parte de seu motor em voo.

Acidente Motor A380 Air France Groenlândia
Motor do A380 da Air France na falha de 2017

A aeronave, o A380 registrado sob a matrícula F-HPJE, operava o voo de número AF-066 da Air France entre Paris e Los Angeles em 30 de setembro de 2017 quando, sobrevoando o sul da Groenlândia, sofreu uma explosão em um de seus motores, obrigando-a a iniciar um processo de descida de emergência em direção à Goose Bay, no Canadá, onde pousou sem outras intercorrências.

Desprenderam-se, do restante do motor Engine Alliance GP7000, o fan (primeiro conjunto rotativo frontal do motor), a tomada de ar (inlet) e a carcaça do fan (case). As partes caíram em uma inóspita região de gelo e neve, e algumas delas ficaram enterradas por dezenas de meses até serem encontradas.

Acidente Motor A380 Air France Groenlândia
Imagem: BEA

Acidente Motor A380 Air France Groenlândia
Imagem: BEA

Agora, segundo reporta nosso parceiro Aviacionline, com a investigação concluída o BEA determina que entre os fatores que contribuíram para o acidente estão:

  • O desconhecimento do fabricante e/ou projetista do motor quanto ao impacto da fadiga térmica na liga de titânio Ti-6-4, que até então não era considerada sensível ao fenômeno (como já é considerado em outras ligas como IMI 685 e Ti-6242).
  • A ausência de instruções das autoridades certificadoras quanto à consideração das macrozonas (colônias de grãos alfa de orientação semelhante) e o fenômeno da fadiga térmica nas partes críticas de um motor ao demonstrar sua conformidade.
  • Ausência de meios não destrutivos para detectar a presença de macrozonas incomuns em peças de liga de titânio.
  • Um risco maior de desenvolver macrozonas de grande tamanho e intensidade em forjados de liga Ti-6-4 devido ao aumento do tamanho dos motores, em particular, com fans maiores.

As inspeções regulares pós-acidente na frota do A380 em serviço não detectaram nenhuma rachadura nas áreas relacionadas dos motores da Engine Alliance.

Discussões envolvendo organismos de certificação e fabricantes de motores estão em andamento a fim de melhor compreender o fenômeno da fadiga e melhor levá-lo em consideração no projeto de motores futuros.

A difícil busca pelas peças

A partir do incidente, teve início uma investigação para elucidar como as partes poderiam ter se soltado do motor do A380 em pleno voo. Para isso, era essencial a recuperação dos componentes perdidos, o que tornaria possível resolver o mistério.

O desafio se tornava maior por conta das características do local sobrevoado pela aeronave no momento do grave incidente: a gélida e inóspita Groenlândia. Considerada a maior ilha do mundo, a Groenlândia é uma região autônoma dinamarquesa localizada entre os oceanos Atlântico e Ártico, de clima polar, e em grande parte coberta por gelo.

Imagem: AIB Dinamarca

Em um de seus reportes técnicos preliminares, o BEA revelou que dividiu o procedimento das buscas em três fases, denominadas I, II e III. Caso você queira relembrar o interessante trabalho, especialmente da complexa fase III, que permitiu encontrar as peças metros abaixo da gelada superfície, reveja a matéria especial que publicamos em junho: clicando aqui ou no título logo abaixo.

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