Investigações revelam anomalias em 85 pousos de um Boeing 737 antes de colapso do trem de pouso

Investigações realizadas pela Nigerian Safety Investigation Bureau (NSIB) revelaram que um Boeing 737-400 da Allied Air realizou 85% de suas aterrissagens com um ajuste de flaps em 15 graus durante as seis semanas que precederam um incidente de colapso do trem de pouso e uma saída da pista em Abuja, no dia 11 de dezembro.

O acidente ocorreu enquanto a aeronave de registro 5N-JRT estava em um voo de traslado de Lagos para pegar carga para o Banco Central da Nigéria, sem passageiros ou carga a bordo no momento do incidente.

Durante a aproximação para a pista 22 de Abuja, a tripulação tentou selecionar o modo de flaps 30, mas os flaps não ultrapassaram a posição de 15 graus. Apesar dessa falha, a tripulação decidiu continuar a descida, uma vez que o peso da aeronave estava dentro dos limites permitidos.

A cerca de 0,6 milhas náuticas da pista, a aeronave recebeu a autorização para pousar, tocando o solo a 157 nós (cerca de 291 km/h). De acordo com o depoimento dos pilotos, o toque foi considerado suave, mas logo após o impacto, um barulho forte foi ouvido e a aeronave “colapsou” para a direita, quando o trem de pouso principal do lado direito se separou.

A parte do motor direito da aeronave entrou em contato com a pista e raspou a superfície por quase 1.200 metros antes de a aeronave desviar para a direita. Ela finalmente parou em um gramado, a 54 metros da borda da pista. Todos os seis ocupantes conseguiram evacuar a aeronave pelo acesso frontal sem ferimentos.

A inspeção inicial da aeronave não revelou indícios de uma aterrissagem severa, conforme relatou a NSIB. No entanto, a análise das gravações de dados de voo indicou que, entre 1º de novembro e o dia do acidente, das 101 aterrissagens realizadas pela aeronave, 85 foram feitas com os flaps em 15 graus, enquanto as outras 16 utilizaram o ajuste de flaps 25.

Ainda não está claro se a operação com flaps reduzidos estava sendo feita por razões de desempenho ou se era indicativa de um problema mecânico subjacente; além disso, a investigação não determinou a relevância desse detalhe para o acidente.

Embora a NSIB ainda não tenha chegado a conclusões finais sobre o ocorrido, já emitiu uma recomendação para que a Allied Air inspecione toda a sua frota em busca de “vulnerabilidades mecânicas e estruturais potenciais”, incluindo os sistemas de flaps e trem de pouso.

Uma análise mais detalhada será realizada na aeronave envolvida, incluindo uma inspeção do conjunto do trem de pouso do lado direito e dos componentes do sistema de acionamento dos flaps.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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