Irã divulga relatório final e afirma que Boeing 737 foi abatido por “erro de bússola”

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Mais de um ano após ter derrubado um Boeing 737 da Ukraine International Airlines, o Irã divulga o relatório final e assume o erro, apontando “falha humana”.

© Anna Zvereva

O abatimento ocorreu em janeiro de 2020, e de início foi relatado como um mero acidente aéreo, mas começaram a surgir evidências que o jato teria sido abatido, inclusive com vídeos mostrando a trajetória dos dois mísseis até o avião. Somente após três dias e muita pressão internacional, o Irã confirmou que o Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines, que voava de Teerã para Kiev, cumprindo o voo PS752, foi abatido por seus militares.

O sistema que abateu o jato é o russo Tor-M1, bastante conhecido no meio militar e de alta eficiência. Segundo o relatório final, que você confere na íntegra clicando aqui (relatório em inglês a partir da página 140), aponta que houve uma mudança de local de última hora da bateria anti-aérea.

A relocação foi de apenas 100 metros, mas teria causado uma falha no realimento do sistema de guiamento da bateria. A “bússola” do sistema estaria com um erro de 105º, algo bastante exagerado.

Destroços do míssil

Com esse não alinhamento do sistema da bateria (não se sabe se é um sistema inercial ou GPS), o radar mostrou que o 737 estava voando diretamente para Teerã e não saindo da capital do Irã.

Segundo o relatório, esta suposta trajetória incomum e que não é feita por aviões comerciais, somada ao fato de que o sistema de defesa anti-aérea do Irã estava em alerta máximo, causaram o erro do operador da bateria Tor.

O Irã estava esperando retaliação, já que o país atacou com 12 foguetes bases americanas no Iraque, numa vingança ao ataque de drone americano que matou o General Qasem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, dias antes.

Destroços do jato, com marcas do míssil circuladas em amarelo

O operador, ao ver o Boeing 737 supostamente voando para a capital, informou à central de comando, que por algum motivo não respondeu à bateria. Mesmo assim, sem uma ordem direta, o operador do Tor decidiu por disparar um míssil contra o jato, e outro míssil 40 segundos depois. O relatório aponta que o primeiro míssil funcionou como esperado, e explodiu ao lado da aeronave. Não foi possível concluir se o segundo míssil falhou ou não.

Não foi informado quais medidas preventivas foram adotadas pela Guarda Revolucionária desde então para evitar novos casos, mas o relatório cita que qualquer mudança na Região de Informação de Voo de Teerã será feita após uma avaliação de riscos e instruções militares.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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