A Iran Air, companhia estatal do Irã, reformou há alguns meses um Boeing 747-200 que estava aposentado, usando exclusivamente engenheiros e peças usinadas localmente, tudo para driblar as sanções dos Estados Unidos. Devido aos embargos econômicos impostos ao país do Oriente Médio, o governo persa não pode importar profissionais e equipamentos aeronáuticos provenientes dos EUA.
A reforma do avião foi considerada uma façanha técnica pelas condições políticas e econômicas do país. A companhia aérea utilizou engenheiros iranianos formados dentro do país para trabalhar no projeto. As peças foram desenvolvidas em solo iraniano ou reaproveitadas de outras aeronaves.
A aeronave
A aeronave, de matrícula EP-ICD, tem 32 anos e começou a voar pela Iran Air em 2008, mas foi aposentado em 2016. A reforma foi concluída após quatro anos, em setembro de 2020 e, desde então, passou a operar apenas voos cargueiros. Segundo o portal britânico Simple Flying, o governo iraniano tem usado o jato para transportar ajuda durante a pandemia, desempenhando um papel de vital de importância na luta contra a COVID-19.
De acordo com a Agência de Notícias Mehr, do Irã, foi a primeira vez em seis anos que a companhia aérea realizou trabalhos de reparo em sua frota de Boeing 747. Para tentar superar a crise, que enfrenta desde antes da pandemia, a empresa realizou leilão de doze aviões antigos no final do ano passado, dos quais cinco eram jumbos. As aeronaves foram vendidas a preços muito abaixo do mercado e transformadas em sucata.
A Iran Air foi a última companhia aérea a operar Boeing 747-200 no transporte de passageiros. A aeronave foi lançada pela Boeing em 1971 e produção foi encerrada 20 anos depois, em 1991. A empresa iraniana chegou a possuir 28 deles em sua frota, mas encerrou as operações, gradativamente, dando preferência a aviões mais econômicos.
Em 2016, a companhia assinou um acordo com a Airbus para adquirir 118 aeronaves, algumas recém-lançadas, como A320Neo e o A350-1000. No mesmo ano, fechou encomenda de outras 80 aviões da Boeing, porém, devido aos embargos econômicos impostos pelos Estados Unidos na era Trump, apenas uma ínfima parte dessas encomendas foram entregues.