Itapemirim canibalizou avião no interior de São Paulo para obter peças de reposição

A Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), que tem suas operações suspensas desde 17 de dezembro, canibalizou uma aeronave A320 no aeroporto de São José dos Campos para que suas peças servissem como reposição aos demais jatos da frota. Ainda que tal prática não seja necessariamente irregular, ela demonstra que havia uma situação preocupante quanto aos suprimentos da empresa.

A informação foi confirmada pelo AEROIN com base em evidências recebidas de fonte que prefere permanecer anônima. Nos documentos, constam diversas comunicações da empresa aérea solicitando a retirada de peças do Airbus A320 de marca PS-AAF (msn 2359) para que fossem usadas no restante da frota.

Sem um estoque de peças, a alternativa de canibalizar uma aeronave foi a única encontrada para manter outras aeronaves voando. De fato, tal prática é comum nas empresas aéreas, inclusive nas grandes, mas como exceção e não a regra. Um dos requisitos para o intercâmbio de peças é que ele deve ser adequadamente documentado nos registros de manutenção de cada aeronave.

UM de SETE

No entanto, o que chama atenção no caso da ITA não tem relação com aspectos legais, mas com suprimentos. Com apenas sete aeronaves na frota, uma que ficasse parada já causaria um enorme impacto na malha, sobretudo num período já perto da alta temporada – o PS-AAF voou para São José dos Campos em 16 de novembro e lá ficou desde então.

Dito isto, é possível imaginar a quantidade de “dores de cabeça” que o time responsável pela rede de voos teve nesse processo, bem como o pessoal de manutenção, sabendo que teria que fazer “milagres” com o que tinha em mãos. De fato, desde o início sabia-se que a equipe técnica da Itapemirim era formada por profissionais de larga experiência, que não manchariam sua reputação entregando para o voo uma aeronave fora de condições.

Resta agora saber qual será o destino do PS-AAF, já que ele precisa dessas peças para poder voltar a voar e, talvez, voltar ao seu dono, o UMB Bank, assim como outras três aeronaves a ele pertencentes.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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