Itapemirim volta a falar de dinheiro árabe para empresa aérea; mas que árabes?

Imagem: Itapemirim

A origem dos recursos, dedicados pelo Grupo Itapemirim ao estabelecimento de sua empresa aérea, continuam sendo motivo de dúvida. Em meados do ano passado, a empresa havia comentado sobre um aporte de fundos árabes, assunto posteriormente refutado pelo então CEO da empresa, Rodrigo Vilaça, em entrevista ao Estadão.

A reportagem do Estadão diz assim: “Inicialmente, falava-se que um fundo dos Emirados Árabes Unidos financiaria o projeto, o que não se confirmou. Vilaça afirma que hoje o grupo – que está em recuperação judicial – conversa com dois outros fundos, mas que ainda não fechou nenhum acordo. Por enquanto, a nova empresa está sendo financiada com capital próprio”.

Meses depois, foi noticiado que uma parte desse capital próprio veio do processo de recuperação judicial do grupo, com a venda de ativos, como revelamos com base em documentos oficiais emitidos pela empresa que está assessorando o processo de reorganização da companhia.

Catar ou Emirados

No entanto, os árabes voltaram à mesa hoje, 17 de maio, curiosamente, em duas matérias que dão origens diferentes para os US$ 500 milhões e atribuem a informação à mesma fonte.

A Reuters, por exemplo, diz que Sidnei Piva, dono do Grupo Itapemirim, comentou, em entrevista, que os recursos para a empresa aérea vêm do fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos. Veja abaixo o recorte do trecho da matéria original, publicada às 9h10 dessa segunda.

Enquanto isso, à Revista Veja, Piva teria dito que os milhões serão aportados por dois fundos do Catar, também mantidos em sigilo. Observe no trecho recortado e em destaque logo abaixo, publicado às 9h24 de hoje (14 minutos após a matéria da Reuters).

Do ponto de vista operacional, pouco importa de que bolso vem o dinheiro, no entanto, a quantidade de informações desencontradas gera ceticismo do mercado de investimentos, sobretudo quando a empresa visa a um IPO (oferta pública de ações) em um futuro próximo. A abertura do capital implica em dar total transparência sobre seus movimentos, como fazem Azul e Gol, por exemplo.

Enquanto isso, é importante ter em mente que qualquer fundo árabe com capacidade de investir US$ 500 milhões de dólares em uma única empresa certamente está numa categoria de governança superior. Com isso, e dependendo das regras de cada país, os administradores do fundo podem ser obrigados a dar publicidade a aportes dessa magnitude e de alto risco*.

*mercado de aviação é classificado como “alto risco” por agências de risco, devido à alta volatilidade das variáveis de custo e de receita.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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