O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG) informa que pelo menos 11 aviões agrícolas estão alocados no combate aos incêndios do Pantanal em Mato Grosso do Sul, atuando pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Defesa Civil de Mato Grosso do Sul.
Os aviões são de duas associadas do SINDAG, a Aeroterra Aviação Agrícola (que atua pelo ICMBio) e a Serrana Aviação Agrícola (operando com a Defesa Civil). Ambas utilizam aeronaves turboélices, com capacidade de até 3,1 mil litros de água.
Sete dos aviões foram convocados na última terça-feira (30) pela Defesa Civil e já fizeram cerca de 180 lançamentos de água contra as chamas. Eles estão operando a partir da Estância Caiman, no Município de Miranda.
Outros quatro, a serviço do ICMBio, estão na região desde junho, na linha de frente do Pantanal, também em apoio intenso às equipes de solo e no ataque a focos isolados. No caso do ICMBio, o órgão ainda tem a possibilidade de convocar mais 6 aviões agrícolas para o combate às chamas.
As operações de emergência contra o fogo no Pantanal já duram mais de 120 dias, em um cenário que se encaminha para ser a pior temporada de incêndios no bioma desde 2020 – ano em que a área queimada na região foi 376% maior do que a média anual, segundo o ICMBio, e em que cerca de 17 milhões de animais vertebrados foram mortos.
Atualmente, a força aérea conjunta contra as chamas na região conta ainda com mais dois aviões Air Tractor (modelos turboélices originalmente agrícola) do Corpo de Bombeiros do Estado, seis helicópteros (quatro do Ministério da Defesa e dois dos bombeiros), e uma aeronave KC-390 do Ministério da Defesa (avião de carga da Força Aérea Brasileira equipado para a missão com um tanque para 12 mil litros de água).
Outras frentes
Além de Mato Grosso do Sul, o SINDAG descreve que a aviação agrícola está atuando com três Brigadas de Incêndios atendendo produtores rurais no Estado de Goiás. Empresas do setor também mantém, nesta temporada de estiagem, aviões de prontidão em Mato Grosso, São Paulo e outros Estados, à disposição de produtores e usinas.
Em todos os casos, prestam suporte a brigadistas em solo e combate direto a chamas em lavouras e reservas naturais dentro das fazendas. Da mesma forma, o Estado de São Paulo mantém convênio com empresas aeroagrícolas para eventuais suporte aos bombeiros em focos em vegetação.
Para completar, seis pilotos agrícolas brasileiros integram atualmente uma equipe de combate a incêndios no norte africano, mais especificamente na Argélia, onde as mudanças climáticas na região do Mar Mediterrâneo têm colocado em risco diretamente a população. Tanto que 34 pessoas morreram no ano passado naquele país, por causa de incêndios em vegetação.
Expertise para a atividade
Desde os anos 1960, o combate a incêndios florestais faz parte das prerrogativas legais da aviação agrícola brasileira. Além disso, desde a década de 90, o setor atua praticamente todos os anos em conjunto com brigadistas e bombeiros na proteção de reservas ambientais no Brasil. Em 2022 o País ganhou uma Lei Federal incluindo os aviões agrícolas nas políticas de governo para o combate aos incêndios florestais.
Além dos aviões que atuam em lavouras terem capacidade também para o transporte e lançamento de água, os pilotos do setor passam praticamente o ano todo em uma rotina de voos baixos e com atenção a obstáculos em lavouras, além de chegarem a realizar mais de 50 pousos e decolagens em um dia de trabalho.
Ao voarem para as empresas que atuam contra chamas, cada temporada eles recebem um treinamento para voo em equipe e aproximação de alvo específico, evitando a fumaça, com coordenação de brigadistas em solo. O treinamento é dado nas próprias empresas ou em cursos específicos – como o que deve ocorrer no próximo dia 12 de agosto, em Olímpia, no interior paulista.
Lembrando que o País tem a segunda maior e uma das melhores aviações agrícolas do planeta, com mais de 2,6 mil aeronaves em 24 Estados. Segundo o último levantamento do SINDAG, na temporada de incêndios de 2021, cerca de 50 pilotos agrícolas foram responsáveis pelo lançamento de quase 20 milhões de litros de água contra o fogo naquele ano.
Informações do SINDAG