Avião com pneu murcho fecha pista e causa caos operacional no aeroporto de Congonhas

Foto ilustrativa

Num aeroporto crítico como Congonhas, qualquer situação fora do padrão pode resultar em dores de cabeça a operadores e passageiros. Um exemplo disso foi registrado no último dia 13 de setembro, quando um avião executivo teve o pneu estourado e levou a pista a ser fechada, atrapalhando a vida de muita gente.

Para piorar, o caso foi registrado entre a 8h e 8h52 da manhã daquele dia, um horário de pico para o aeroporto, e sobre a pista principal, usada por todos os voos da aviação comercial. O impacto, portanto, foi óbvio, mas nem todo mundo pode inferir sobre o número pessoas afetadas numa situação como essa.

A fim de tangibilizar tal fato, o CEO da Latam Airlines, Jerome Cadier, fez uma publicação no LinkedIN em que explicou o tamanho do impacto que tal fato causou na operação de sua empresa (e que pode ajudar a entender como também afetou as demais companhias aéreas).

Impacto na Latam

“Tivemos que cancelar 14 voos impactando diretamente 1677 pessoas. Além disto, tivemos que atrasar por mais de uma hora outros 18 voos e tivemos um voo alternado, impactando mais de 2 mil pessoas. A quantidade de voos é alta porque temos dois tipos de impacto: direto e indireto (chamado de reacionário). O direto é aquele voo que ia partir de Congonhas e teve que ser reprogramado. Reacionário é aquele que eventualmente saía de outro aeroporto mas dependia daquele voo original de Congonhas que foi cancelado (e a aeronave não chegou)”, disse Cadier.

“Imaginem que nesta hora temos vários voos chegando ou saindo de Congonhas, por isso o impacto é enorme. E cada uma destas aeronaves impactadas iam fazer mais 4 a 5 voos naquele mesmo dia 13. Cada um destes voos e suas conexões tiveram que ser reprogramados. Os custos são enormes“, continuou.

“Por estas e outras que desde o princípio das discussões sobre a capacidade do aeroporto de Congonhas, a Latam deixou claro que mudanças na infraestrutura e regras de uso do aeroporto deveriam preceder o aumento de voos diários proposto pela Infraero. O grande investimento feito até agora foi na pista, aumentando a segurança de pousos e decolagens mas este não tem impacto na capacidade de movimentos/hora do aeroporto. E esta capacidade está saturada atualmente”, seguiu.

“Vai ficar pior a partir de março 2023 porque o aumento de voos foi aprovado assim mesmo. O tempo dirá como será a experiência de voar em Congonhas a partir do ano que vem”, finalizou o executivo.

Se esse mesmo relato for extrapolado para as demais empresas que usam o aeroporto massivamente, como a Gol e a Azul, nota-se o enorme impacto e custos extras trazidos por uma disrupção simples (não-grave).

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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