Juiz condena três a prisão perpétua por derrubada do voo MH-17; Rússia acha decisão absurda

Imagem: Laurent ERRERA / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia

Um tribunal holandês emitiu o tão esperado veredicto sobre a tragédia do voo MH-17 da Malaysia Airlines. O avião explodiu em julho de 2014 sobre o leste da Ucrânia, matando todas as 298 pessoas a bordo. Três dos quatro suspeitos no julgamento foram culpados de assassinato e pegaram prisão perpétua. O quarto suspeito foi absolvido.

Familiares de pessoas mortas no desastre se reuniram para ouvir o veredicto no tribunal de segurança máxima do aeroporto de Schiphol, onde se encontrava o Tribunal Distrital de Haia. A decisão também está ocorrendo em meio a um cenário geopolítico tenso da invasão total da Ucrânia pela Rússia, que já chega a nove meses de guerra.

Nenhum dos quatro suspeitos em julgamento compareceu, pois não haviam sido presos e estavam sendo julgados à revelia. Isso significa que é improvável que eles cumpram qualquer pena na prisão. No entanto, o maior símbolo do veredicto é político, pois culpa o lado russo pela derrubada da aeronave de passageiros.

Os juízes determinaram que o MH-17 caiu devido ao impacto de um míssil de fabricação russa disparado de um campo no leste da Ucrânia. A decisão confirma as conclusões dos investigadores internacionais, mas deixa a Rússia indignada, já que, do seu lado, entende que foram ucranianos que derrubaram o avião. O veredicto pode ser visto no vídeo abaixo.

UCRÂNIA – O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, elogiou a decisão do tribunal holandês como importante, mas disse que os mentores que ordenaram o ataque com mísseis também devem ser julgados.

RÚSSIA – O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse após o veredicto que lamenta “profundamente” que o tribunal “negligenciou os princípios de imparcialidade no caso do MH17”.

O que aconteceu com o voo MH17

Em 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysia Airlines partiu de Amsterdã com destino a Kuala Lumpur. O avião Boeing 777 caiu na região de Donbass, no leste da Ucrânia, em meio a um conflito entre rebeldes pró-Rússia e forças ucranianas. Todas as 298 pessoas a bordo morreram.

Uma equipe internacional de investigadores – a chamada Equipe de Investigação Conjunta (JIT) – concluiu que a aeronave foi atingida por um míssil antiaéreo do tipo “BUK” da era soviética. A equipe disse que o míssil foi lançado de uma área de Donbass controlada por rebeldes pró-Rússia. O sistema de mísseis foi transportado da Rússia para a área e levado de volta pela fronteira logo após o desastre.

A Holanda iniciou um julgamento em março de 2020 de acordo com suas próprias leis nacionais, depois que os esforços falharam para lançar um tribunal internacional para lidar com o caso. A maioria das vítimas, 193 no total, era da Holanda.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias