Jumbo com cara de tigre faz voo histórico levando o animal mais rápido do mundo a bordo

Imagem: Fedor Leukhin / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia

Um avião tão icônico quanto um Boeing 747-400, decorado com a cara de um tigre siberiano e levando oito guepardos africanos, o animal terrestre mais rápido do mundo (pode correr de 80 km/h a mais de 100 km/h), foi a combinação perfeita encontrada pela equipe responsável por um transporte igualmente memorável.

Todo esse cenário, junto com um aparato especialmente preparado a bordo e em terra, assegurou que os oito espécimes, sendo cinco fêmeas e três machos, voassem seguros durante 10 horas, entre a Vinduque (Namíbia) e Gwalior (Índia), onde está seu novo habitat, numa área de conservação.

Embora a aeronave, o Boeing 747-400 (ER-TRV) operado pela Terra Avia, possa transportar 80 toneladas, a única carga (ou passageiros) no voo de sexta foram as chitas (outra forma como o guepardo é conhecido) e seus acompanhantes, incluindo um veterinário, um cientista da vida selvagem, o alto comissário indiano na Namíbia, Prashant Agrawal e Laurie Marker, diretora executiva do Cheetah Conservation Fund.

“Todos os protocolos internacionais serão seguidos. As caixas foram preparadas de acordo com os requisitos”, disse SP Yadav, responsável pelo projeto no Ministério do Meio Ambiente, Florestas e Mudanças Climáticas da Namíbia. Os animais não receberam tranquilizante para esta viagem.

As chitas tiveram que passar todo o período de trânsito aéreo de estômago vazio. Essa precaução é necessária, pois uma longa jornada pode criar sensações de náusea nos animais, levando a outras complicações.

“Nossa equipe fez um ótimo trabalho para estar totalmente preparada para o voo. Nosso principal trabalho era deixar a aeronave totalmente pronta para realizar um voo confortável para os gatinhos”, disse Vladimir Ghilan, gerente responsável da Terra Avia. Isso inclui definir uma temperatura confortável para os animais dentro da aeronave, disse ele.

Quando aterrissaram na Índia, as chitas foram transportadas em um helicóptero da Força Aérea Indiana de Gwalior para o Parque Nacional de Kuno, onde foram soltas na natureza pelo primeiro-ministro Narendra Modi.

O grande carnívoro foi completamente exterminado da Índia devido ao seu uso para caça esportiva, caça excessiva e perda de habitat. O governo declarou a chita extinta no país em 1952. O último felino morreu em 1948 nas florestas de Sal, no distrito de Koriya, em Chhattisgarh.

A partir da década de 1970, os esforços do governo indiano para restabelecer a espécie em suas áreas históricas no país levaram à assinatura de um pacto com a Namíbia, que doou os oito primeiros indivíduos para lançar o programa de reintrodução da chita na Índia.

Para garantir o transporte seguro de animais vivos, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) introduziu um programa de certificação global em 2018.

Antes de aceitar uma remessa de animais, as equipes das empresas têm uma lista de verificação que precisa ser cumprida, a fim de assegurar que os embarcadores obtenham o máximo de informações sobre os animais e garantam que a aeronave seja capaz de transportá-los. 

Algumas das medidas que são tomadas para garantir a segurança e o conforto do animal é regular o sistema de ar condicionado da aeronave que pode manter a adequada e garantir que o embarque e desembarque ocorra sem estresse.

O memorável voo desta sexta-feira (16) também ficará registrado para sempre nas plataformas de rastreamento de voos, como mostrado abaixo.

Rastreamento do voo: Radarbox

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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