Líderes mundiais são taxados de mau exemplo por irem à cúpula do clima em jatinhos privados

Imagem ulustrativa: Gideon van Dijk, CC BY 2.0, via Flickr

Enquanto uma parte da elite mundial viaja para o balneário de Sharm el-Sheikh, no Egito, em seus jatos privados e com o pretexto de discutir ações para combater as mudanças climáticas no mundo, ativistas protestam, criticando o mau exemplo. Eles têm seus motivos, já que defendem um uso mais consciente da aviação e veem líderes e empresários voando em aviões que poluem entre 5 e 14 vezes mais.

Um dos pontos criticados pelos ativistas é a falta de coerência no diálogo dos líderes globais, já que a cada edição a COP polui mais, além desta edição ser patrocinada pela Coca-Cola, uma empresa que tem sido questionada pelo uso intensivo de plástico e consumo de água na produção de suas bebidas. 

No evento deste ano, a britânica BBC News verificou os dados do FlightRadar24 que mostram dezenas de jatos particulares em Sharm el-Sheikh nos últimos dias. Uma reportagem do New York Post, por sua vez, fala em 400 jatos executivos pousando e decolando no resort egípcio às margens do mar Vermelho.

Assim, o evento deste ano caminha para ser o mais poluidor de todos já realizados. Por ora, a última edição – COP26 – em Glasgow (Escócia), lidera o ranking, tendo a maior pegada de qualquer uma das COPs até agora. De fato, a pegada de carbono da COP26 foi considerada em alguns círculos como o dobro da COP25, principalmente devido ao impacto dos voos internacionais feitos por muitos delegados que, embora tenham ficaram sob pressão porque viajaram em jatos particulares, parecer não estar preocupados com isso, já que na COP27 eles repetem a dose.

Ações contrárias

Enquanto as reuniões ocorrem, ativistas protestam. Pesquisadores da University College de Londres, liderados pelo professor Priti Parikh, criaram uma calculadora que mede o que chamam de “consumo obsceno” de combustível e poluição da atmosfera causados pelos participantes da COP27.

A ativista sueca Greta Thunberg, uma das mais aclamadas da atualidade, disse que “esses eventos são cheios de blá, blá, blá” e que não têm agregado para os debates da crise climática. A jovem não vai à COP27 e também não acredita nos efeitos práticos da conferência que, segundo ela, “estão mais voltados a marketing empresarial” do que às preocupações reais com o clima. Além disso, ela disse que o local de Sharm El-Sheikh élonge demais, sendo “um paraíso turístico em um país que viola muitos direitos humanos básicos“.

Não apenas ela, outros ativistas também se declararam contrários, inclusive sugerindo que reuniões poderiam ser feitas pela internet usando plataformas como o Zoom, por exemplo. As exposições contrárias são amplas na internet. Vide abaixo alguns tuites recentes de grupos de ativistas a respeito.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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