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Lockheed aceita derrota e não irá protestar sobre a decisão sobre o futuro caça F-47 dos Estados Unidos

Divulgação – USAF

A Lockheed Martin decidiu não protestar contra a vitória da Boeing na competição para construir o próximo caça da Força Aérea dos EUA, o F-47. Em vez disso, a empresa planeja competir com o novo modelo ao aproveitar muitas das mesmas capacidades e aplicá-las nos caças F-35 e F-22, prometendo fazê-lo a um custo inferior, conforme declarado pelo CEO James Taiclet em uma teleconferência com analistas de mercado no dia 22 de abril.

Essas declarações abrem um potencial cenário de competição por financiamento entre o caça de Domínio Aéreo da Próxima Geração (NGAD) da Boeing e os caças furtivos da Lockheed atualmente em operação.

Taiclet afirmou: “Acredito que podemos ter 80% da capacidade potencial a 50% do custo por unidade de aeronave, utilizando o chassi do F-35 e aplicando diversas tecnologias avançadas — algumas das quais já estão em processo no Block 4 do F-35, mas [também] outras que podemos aplicar.”

O Pentágono já está atualizando o F-35 com um novo sistema de aviônicos e software Block 4, preparando o caminho para uma série de futuras melhorias, incluindo um novo radar para operadores dos EUA e um sistema de guerra eletrônica aprimorado.

As atualizações adicionais esperadas para o início da década de 2030 devem melhorar a potência do motor e a eficiência do combustível, além de aumentar significativamente a capacidade de resfriamento dos eletrônicos da aeronave.

Embora Taiclet não tenha especificado quais outras tecnologias poderiam ser incorporadas ao suporte da Lockheed para o programa NGAD, ele mencionou que a Força Aérea já forneceu feedback sobre as razões pelas quais a Lockheed perdeu o contrato de desenvolvimento do F-47, embora os detalhes sejam classificados.

“Estamos levando esse feedback internamente e analisando todos os aspectos que nos foram apresentados”, disse Taiclet. “A nossa decisão é não protestar.”

Taiclet também mencionou que a Lockheed projeta vendas de 3.500 F-35 globalmente e que as tecnologias extraídas do NGAD para o F-35 poderiam ser exportáveis.

“O que tentamos fazer é desenvolver a exportabilidade em cada um desses componentes. Claro, o governo dos EUA terá a primeira visão dessas tecnologias. Eles decidirão se é exportável e para quem,” explicou. “Mas tentamos projetar de uma maneira que seja relativamente — bem, espero que seja uma decisão mais fácil para a exportação, em vez de uma mais difícil.”

A visão de Taiclet pode ser uma tentativa de acalmar as preocupações dos investidores sobre o futuro do setor de caças da Lockheed, que dominou o mercado de aeronaves táticas furtivas desde os anos 1990.

Além de perder o contrato do NGAD e retirar-se da competição F/A-XX da Marinha dos EUA, analistas estão preocupados com a possibilidade de que a administração Trump possa reduzir as encomendas anuais do F-35. Taiclet, no entanto, sugere que a Lockheed não espera uma diminuição na demanda interna pelo F-35, insinuando que a crescente demanda externa compensaria quaisquer cortes.

“A nossa equipe de aeronáutica acredita que, se houver alguma moderação, que não esperamos, aliás, na produção do F-35 nos EUA, podemos compensar isso com as oportunidades internacionais que temos”, concluiu Taiclet.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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