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Lula manda indireta após Ministro anunciar “passagem aérea social” a R$ 200

Dias após o Ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, anunciar uma espécie de “passagem aérea social” por R$200, o Presidente Lula mandou uma indireta, que não foi apenas a ele, mas que também o tocou.

Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

A decisão foi anunciada por Márcio França ainda no final de semana e contemplaria um projeto de nome não-oficial “Voa Brasil”, que pretende comercializar assentos vazios para uma fatia da sociedade brasileira. Inicialmente as tarifas para qualquer trecho doméstico custariam R$200 e poderiam ser utilizadas em até duas viagens e ida e volta ao ano por estudantes, aposentados, pensionistas e funcionários públicos com salários de até R$6.800.

A medida gerou uma onda de polêmicas, seja pela falta de aplicabilidade, já que o valor médio da passagem no Brasil é R$500 e o valor proposto não cobriria os custos de um voo, mas também como ela é ampla e inclui pessoas que ganham até três vezes o salário médio brasileiro.

Fontes no setor aéreo já apontavam que, além da medida não ser viável, a proposta não foi levada em nenhum momento às companhias aéreas e se baseou unicamente na média de assentos ocupados por voo (load factor), que ainda está distorcido em razão da pandemia.

E o anúncio também não deve ter agradado ao presidente Lula, que hoje mandou uma mensagem a Márcio França e a todos os demais ministros que anunciem alguma medida sem os alinhamentos prévios. O recado de Lula foi dado durante uma reunião com a maioria dos seus ministros (França não estava na reunião), mas a imprensa divulgou a fala.

“Qualquer genialidade que alguém possa ter é importante que, antes de anunciar, faça uma reunião com a Casa Civil, para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República e a gente possa chamar o autor da genialidade e anunciar publicamente, como se fosse uma coisa do governo, que esteja de acordo com os outros ministros, que esteja de acordo com a Fazenda, o Planejamento”, disse Lula.

O Presidente também citou o fato de que anunciar algo que não possa ser feito é negativo para o governo, e que “se tiver que arriscar alguma coisa, a gente deve arriscar com um viés de acerto acima de 80%, porque a gente também não pode correr o risco de anunciar coisa que não vai acontecer”. Agora, resta saber o que será do famigerado “Voa Brasil”.

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