Macron defende redução da dependência do caça F-35 e expansão do “clube do Rafale”

Caças F-35A e Rafale | Foto: USAF/Staff Sgt. Alexander Cook

Em meio à batalha comercial e aos desentendimentos militares causados por Donald Trump, Emmanuel Macron busca obter uma vantagem para vender o caça francês Dassault Rafale.

O presidente francês mencionou pela primeira vez a possibilidade de o caça de asa em delta ser uma alternativa ao americano F-35 Lightning II, da Lockheed Martin. A aeronave enfrenta resistência para ser escolhida por Portugal e pode ter sua compra cancelada pelo Canadá, após Trump aumentar tarifas comerciais para esses países e sinalizar a possibilidade de cortar o apoio à Ucrânia, ao mesmo tempo em que tenta normalizar relações com a Rússia, país invasor.

Em entrevista ao jornal francês La Dépêche, Macron destacou seu desejo de fortalecer as capacidades industriais europeias para que a Europa não dependa mais dos Estados Unidos em matéria de defesa e armamento: “O que precisamos hoje é produzir mais caças Rafale, mais sistemas de defesa aérea, mais munições. É necessário reduzir a dependência de vários países em relação aos caças F-35 e expandir o clube Rafale”, afirmou o presidente.

No entanto, ele reconhece que o aumento da produção do Rafale depende fortemente das capacidades industriais da Dassault e de seus fornecedores. “Aumentar o ritmo de produção nas fábricas da Dassault não é algo que se improvisa, é um processo extremamente complexo”, explicou, ressaltando ainda a necessidade de equilibrar a exportação com as demandas nacionais, para “garantir que nunca enfraqueçamos as forças armadas francesas”.

A preocupação de Trump está mais relacionada aos rumores de que os EUA poderiam cortar o suporte logístico aos recém-entregues F-16 da Ucrânia, doados pela Dinamarca e pelos Países Baixos. Caso isso se concretize, há temores dentro da OTAN de que o mesmo possa ocorrer com o F-35 no médio prazo, enfraquecendo a aliança frente à Rússia. O domínio aéreo e a tecnologia furtiva ocidental são áreas em que o Ocidente mantém uma clara superioridade sobre os russos.

Até o momento, algumas autoridades mencionaram a possibilidade de abandonar o F-35, mas ainda não há nenhuma decisão concreta de cancelamento ou de escolha do Rafale. Outras opções europeias, como o Eurofighter Typhoon, da Airbus, ou o Gripen, da SAAB, também seguem na disputa.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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