Maior operador de jatos Embraer no mundo quer pilotos com metade da experiência mínima

A companhia aérea com o maior número de aviões brasileiros em sua frota está pedindo que as autoridades permitam que os pilotos comecem a voar os jatos Embraer com metade do permitido hoje.

Embraer E170 da Republic © Cory W. Watts

A proposta foi peticionada pela Republic Airways, empresa que presta serviços para as subsidiárias regionais da American, Delta e United Airlines, tendo hoje em sua frota 228 jatos Embraer dos modelos E170 e E175 E1.

O pedido submetido à FAA (Agência Federal de Aviação Civil dos EUA) é uma maneira da empresa tentar solucionar o problema de falta de pilotos, que é crônico nos EUA, como abordamos numa publicação especial anterior.

Depois de um acidente envolvendo a aviação regional, o mínimo de horas de voo saltou de 250 horas para 1.500 horas (com redução para 1.000 horas para quem graduar em universidade do setor e 750 horas para pilotos militares). Este salto fez com que muitas pessoas desistissem do curso de piloto, que, com faculdade atrelada, pode facilmente ultrapassar 220 mil dólares (R$1,1 milhão de reais). Sendo assim, faltam pilotos hoje, e os que estão qualificáveis, por vezes, optam pela aviação executiva.

O principal ponto de crítica do setor é que os pilotos envolvidos no acidente já tinham mais de 2 mil horas de voo e o ponto ‘fraco’ deles foi a reprovação em exames (voos de cheque), e não a falta de horas em si. Outro fator levantado foi que em outras regiões como Europa, Ásia ou América Latina, um jovem piloto com menos de 300 horas de voo está voando jatos Airbus ou Boeing, até maiores que os Embraer e Bombardier da aviação regional americana.

O pedido de isenção foca nos alunos que não fazem faculdade, mas que estão dentro do LIFT, que é a academia interna da Republic. Nela, o aluno vai das 0 horas de voo até 250 horas, obtendo as carteiras de Piloto Comercial e Instrutor de Voo.

Com esta última carteira ele começa a voar como instrutor no próprio LIFT, ensinando os novatos até ele atingir as horas mínimas, seguindo já os padrões da própria empresa aérea no que ela chama de ‘Circuito Fechado’. Neste conceito, a mentalidade, disciplina e cultura do aluno é construída em torno dos valores de segurança da empresa, assim como seu padrão de aprendizado e voo, reduzindo espaço para erros.

O LIFT pode custar até quase 3x menos para um aluno quando comparado aos custos de uma universidade particular com a parte prática inclusa. Por sua vez, quando contratado como instrutor de voo no próprio programa e posteriormente como co-piloto de Embraer, o aviador tem parte do seu salário descontada para pagar o programa.

Esta redução de custo, segundo a Republic informou à FAA, cria menos barreiras para as minorias, como mulheres, negros e latinos, e torna a aviação mais acessível, diversa e democrática.

Outro ponto colocado é que caso a isenção seja feita, a empresa não aceitará que pilotos que vieram de outros locais com outras formações sejam contratados com as 750 horas de voo, já que a média de aprovação nos cheques da LIFT é bem acima da média nacional (por volta de 15% maior).

O processo agora está sendo analisado pela FAA, e em breve deverá ser aberto para consulta pública. Por ser uma lei federal que obriga as 1.500 horas mínimas, apenas a exceção pode reduzir ela, mas caso a FAA prossiga, pode abrir espaço para questionamento de legisladores e outras empresas aéreas.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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