Mais da metade da frota da Iran Air não voa por falta de peças

Com problemas para obter peças de reposição em meio às sanções americanas, que atingem diretamente a economia iraniana há décadas, a companhia aérea local vê mais da metade de sua frota de aviões atualmente parada. Embora tenha dito recentemente que vai crescer mesmo sob os embargos, apenas um afrouxamento dos bloqueios podem ajudar, de fato, a estatal.

Uma das formas de afrouxar as sanções é reviver o acordo nuclear de 2015, quando o então presidente dos EUA, Barack Obama, aceitou o compromisso iraniano de limitar os estudos de enriquecimento de urânio que pudessem levar à produção de bombas. À época, o Irã conseguiu até assinar um acordo com a Airbus para mais de 100 aeronaves novas, que renovariam sua frota.

O contrato, no entanto, naufragou depois que Trump chegou à Casa Branca e cancelou os acordos nucleares. Agora, novas conversas vêm acontecendo sob a gestão Joe Biden, mas ainda não há sinais anunciados publicamente de que EUA e Irã estejam próximos de um acordo. O conflito na Ucrânia e o apoio iraniano à Rússia dificultam as conversas.

Metade da frota parada

Enquanto isso, a aviação iraniana pena. Uma análise do aeroTELEGRAPH com dados do repositório do CH-Aviation revela que mais da metade dos aviões da Iran Air estão estacionados por motivos diversos, associados à falta de peças de reposição.

O site alemão verificou que a frota da Iran Air possui 42 aeronaves, mas apenas 17 delas estão voando atualmente: três ATR 72, quatro Airbus A300, um A310, um A319, dois A320, um A321, dois A330-200 estão regularmente no ar, um Boeing 747-200 C e dois Fokker 100.

Enquanto isso, quatro Airbus A300, um A310, dois A319, três A320 e cinco Fokker 100, bem como dez ATR 72 estão parados, servindo como fontes de peças para o restante da frota.

As dificuldades da Iran Air refletem os problemas gerais da aviação iraniana. No mês passado, a Association of National Airlines confirmou que 50% dos 333 aviões de passageiros do país estão parados devido à falta de peças – principalmente motores.

Conversas com a Airbus

Em 2016, a Iran Air encomendou 46 A320, 38 A330 e 16 A350 e 20 ATR 72, totalizando 120 aeronaves. Depois que Donald Trump se tornou presidente dos EUA e novamente impôs sanções ao Irã, os dois fabricantes de aeronaves interromperam as entregas em 2018. Apenas treze ATR 72, dois A330 e um A321 chegaram à companhia aérea nacional iraniana naquela época.

No começo do ano, o Irã ameaçou processar a Airbus e a ATR em tribunais internacionais por terem suspendido as entregas de aeronaves. As fabricantes, por sua vez, ficam de mãos atadas pelas sanções dos EUA já que, se negociarem com os iranianos, ficam impedidas de realizarem transações nos Estados Unidos.

Esse impasse ainda deve se manter algum tempo. Enquanto isso, o Irã diz se movimentar para ampliar sua frota de aeronaves ativas (na Iran Air e outras empresas), mesmo sem a “ajuda” ocidental. Resta saber como fará isso.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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