Metaverso é a aposta da Boeing para criar aviões em menos tempo

Imagem meramente ilustrativa – Fonte: NASA

Quanto mais avançam os projetos e as novas ideias das empresas de tecnologia sobre o metaverso, mais pessoas e corporações passam a olhar a fundo as oportunidades que a possível nova disrupção tecnológica disponibilizará.

Uma delas é a gigante fabricante de aviões Boeing, que já está se preparando para revolucionar seu processo de projetar aeronaves através da ampla integração que deverá ser possibilitada pela lógica do metaverso.

Caso você não saiba exatamente do que se trata esse novo termo que ganhou as notícias neste ano de 2021 após o Facebook se tornar Meta, em uma explicação bastante simplificada o metaverso deverá ser o ambiente de realidade virtual em que tudo no mundo estará conectado digitalmente e acessível instantaneamente.

Se hoje a realidade virtual e aumentada está restrita a jogos e a processos internos de empresa (a própria indústria aeronáutica já a utiliza em certas etapas de seus projetos), a perspectiva é que no futuro, no metaverso, todas as atividades possíveis de serem feitas virtualmente estarão interligadas, sendo viável que uma pessoa trabalhe, acesse um banco, entre nas redes sociais, reúna-se com amigos, etc, tudo de forma instantânea em um único universo virtual acessado com um óculos de realidade virtual.

Segundo pessoas da Boeing disseram à Reuters, a expectativa da fabricante é que esta integração digital permitirá que uma aeronave seja projetada com acompanhamento simultâneo de todos os envolvidos, desde seus próprios engenheiros até as equipes de empresas fornecedoras de insumos e peças ou os executivos das empresas aéreas clientes. Com isso, tempo será economizado com a eliminação das muitas revisões de projeto que hoje são feitas durante o desenvolvimento de uma nova aeronave.

A estimativa é de uma redução do tempo de colocação de um novo projeto no mercado para 4 a 5 anos, enquanto os mais recentes aviões levaram cerca de 10 anos ou até mais.

“Trata-se de fortalecer a engenharia”, disse à Reuters o engenheiro-chefe da Boeing, Greg Hyslop, em sua primeira entrevista em quase dois anos. “Estamos falando sobre mudar a forma como trabalhamos em toda a empresa.”

Com isso, os modelos digitais do avião serão associados por uma “linha digital” que une todas as informações desde o nascimento do projeto – dos requisitos da companhia aérea, a milhões de peças, a milhares de páginas de documentos de certificação, estendendo-se profundamente na cadeia de suprimentos.

Mais de 70% dos problemas de qualidade enfrentados recentemente nas crises do Boeing 737 MAX e 787 Dreamliner na Boeing remontam a algum tipo de problema de design, disse Hyslop. Assim, a Boeing acredita que essas ferramentas serão essenciais para a possibilidade de trazer uma nova aeronave ao mercado nos apenas 4 ou 5 anos citados.

“Você obterá velocidade, qualidade aprimorada, melhor comunicação e melhor capacidade de resposta quando ocorrerem problemas”, disse Hyslop. “Quando a qualidade da base de abastecimento é melhor, quando a construção do avião é mais harmoniosa, quando você minimiza o retrabalho, o desempenho financeiro segue daí.”

E caso essa ideia de metaverso pareça algo ainda distante de ser atingida, dado a complexidade da integração de diferentes sistemas e variadas empresas, o objetivo da Boeing é de usufruir dessa disrupção de forma bastante imediata: daqui a apenas 2 anos.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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