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Mudança climática aumentou a turbulência dos aviões em 55% nos últimos 40 anos

Foto anterovium via Deposit Photos (sob licença)

Nos últimos 40 anos, a turbulência da atmosfera da Terra sobre o Atlântico e outras regiões oceânicas aumentou cerca de 17 a 55%, relatam cientistas da Universidade de Reading, no Reino Unido. Os resultados de seu trabalho foram publicados na revista Geophysical Research Letters.

“A turbulência traz muitos transtornos para passageiros e pilotos e, em alguns casos, é perigosa para suas vidas. Além disso, cada minuto extra gasto em um fluxo de ar turbulento aumenta o desgaste das aeronaves. Nossas observações mostram que as companhias aéreas agora precisam pensar sobre como lidar com este problema, que custa anualmente apenas às empresas norte-americanas 150-500 milhões de dólares”, explicou Mark Prosser, investigador da Universidade de Reading, citado pelo serviço de imprensa da universidade.

A turbulência é um fenômeno que ocorre na atmosfera terrestre, bem como em vários meios líquidos e gasosos, com aumento acentuado da velocidade dos fluxos de ar, gás ou líquido. Sob um certo conjunto de circunstâncias, em tais casos, surgem ondas em movimento aleatório que interferem no movimento posterior da matéria desses meios e dos objetos que estão neles.

Como observam Prosser e seus colegas, a turbulência em céu claro representa um perigo particular para a aviação, pois é muito difícil detectá-la a longa distância. Como resultado, os aviões costumam entrar nessas zonas, que são especialmente comuns sobre o Atlântico e outras áreas abertas e extensas do Oceano Mundial.

Colegas de climatologistas da universidade descobriram recentemente que as zonas de turbulência ocorrerão 40-170% mais frequentemente sobre o Atlântico e outros oceanos da Terra nas próximas décadas. A razão para isso será o aumento da temperatura do ar e outras consequências das mudanças climáticas. 

Essa descoberta forçou os pesquisadores a estudarem como a frequência de tais incidentes mudou nos últimos 40 anos sob a influência de fatores climáticos semelhantes.

Para fazer isso, os cientistas calcularam a frequência sas zonas de turbulência do mundo em 1979 e compararam os resultados desses cálculos com a frequência com que as aeronaves entraram nessas zonas em 2020. Os cálculos mostraram que todas as formas conhecidas de turbulência começaram a ocorrer em altitudes em que os aviões voam, com muito mais frequência nos últimos quarenta anos.

Em particular, a duração geral e a frequência de turbulência severa aumentaram 55% desde 1979, resultando em um típico avião gastando cerca de 27 horas por ano, em oposição a 18 horas nessas áreas de instabilidade. Da mesma forma, as formas de turbulência média (37%) e leve (17%) aumentaram.

Depois de décadas de pesquisa mostrando que a mudança climática aumentará a turbulência do ar claro no futuro, agora temos evidências de que esse aumento já está em andamento”, disse o coautor do estudo, Paul Williams.

Segundo Prosser e seus colegas, as companhias aéreas já precisam levar esse fenômeno em consideração na manutenção das aeronaves, bem como na escolha de rotas por áreas com alto risco de turbulência. O mapa de mudanças na frequência de ocorrência de turbulência entre 1979 e 2020, elaborado pelos autores do estudo, poderá ajudá-los nisso.

E para os passageiros dos voos, Prosser recomenda que permaneçam com os cintos afivelados durante todo o voo para evitar possíveis lesões.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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