Nazistas tentaram revolucionar a aviação com um chamado ‘avião tesoura’

P.1109 tinha asas em X e prometia salvar aviação de guerra nazista da derrota. IMAGEM: Fiddlersgreen.

A indústria aeronáutica já produziu alguns aviões estranhos, mas um dos modelos mais curiosos que a aviação já criou, infelizmente (ou felizmente, a depender do ponto de vista) nunca chegou a sair do papel. Trata-se do Messerschmitt (Me) P 1109 “ScissorsWing”, o avião “Asas de Tesoura” que os alemães tentaram emplacar nos arremates da 2ª Guerra Mundial.

O P. 1109 foi um protótipo de aeronave a jato de asas retráteis criado pela empresa Messerschmitt (Me) em meados de 1944. A Me era a principal fornecedora de aviões de guerra usados pela Luftwaffe na época. O projeto fazia parte do Jägernotprogramm, o “Programa de Emergência de Caças”, que tinha o objetivo de reorganizar a estratégia aeronáutica alemã diante do avanço das tropas inimigas. A ideia era reduzir a produção de aviões de bombardeamento e aumentar a fabricação de caças de ataque.

O P.1109 deveria ter mais velocidade que os concorrentes a jato por meio de asas oblíquas, ou seja, um biplano com estrutura em diagonal.  As asas eram móveis, podendo formar um ângulo de 60° entre si. A ideia era reduzir o arrasto aerodinâmico do vento contrário durante voos em alta velocidade o que traria ganhos de velocidade expressivos em relação aos inimigos e grande economia de combustível.

Projeto confiscado

Embora pronto para construção, não há registro que a ideia tenha saído da prancheta. Quando as tropas aliadas invadiram a Alemanha, em março e abril de 1945, os Estados Unidos confiscaram todos os projetos em desenvolvimento pela Messerschmitt e outros planos de guerra. Esses desenhos serviriam de base para criação de diversos projetos nas décadas seguintes. Há rumores, nunca confirmados, de que o P.1109 serviu de inspiração para um curioso projeto da Nasa, a Agência Espacial Norte Americana.

Cerca de 30 anos depois do P.1109, o Avião de Pesquisa AD-1 Oblique Wing Aircraft foi criado pelo Centro de Pesquisa em Voo Dryden, da Nasa. O objetivo informado pelos engenheiros norte-americanos era o mesmo dos alemães: permitir altíssimas velocidades com o menor consumo possível de combustível. Isso era possível graças a movimentação das asas em ângulo de até 60°.

Ao contrário do antecessor alemão, o AD-1 chegou a sair do papel. O primeiro protótipo modelo levantou voo em 21 de dezembro de 1979, em testes no deserto de Mojave, na Califórnia. A princípio foi um sucesso. O avião decolou numa configuração normal, voando sem problemas em baixas velocidades. Com o aumento da aceleração, as asas se moveriam até atingir seu melhor ângulo.

No entanto, dificuldades técnicas logo foram percebidas. Era difícil controlá-lo em ângulos abaixo de 45 graus e a navegabilidade complicada colocava em risco a segurança da tripulação. Em 7 de agosto de 1982, foi realizado o último voo do AD-1, que teve as pesquisas encerradas logo em seguida.

No vídeo abaixo é possível assistir a parte de um dos testes realizados. Observe a movimentação das asas:

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

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