Em meio à neblina e falha de motor, Airbus A320neo toca na terra ao lado da pista

Um Airbus A320neo envolveu-se em uma grave ocorrência quando uma aproximação em meio à neblina terminou com um toque do trem de pouso principal na grama ao lado da pista.

Vídeo A320neo GoAir Pouso Terra Grama
Passageiro flagrou o toque fora da pista

Segundo informações do The Aviation Herald, o Airbus A320-200N da companhia aérea indiana GoAir, de matrícula VT-WGR, estava executando o voo G8-811 de Nagpur para Bangalore (ambos na Índia) com 180 pessoas a bordo, e aterrissava na pista 09 de Bangalore às 07:22 (horário local) da manhã da última segunda-feira, 11 de novembro.

No pouso sob neblina e baixa visibilidade, o vídeo mostra que a aeronave estava voando sobre o asfalto por alguns instantes, até que desviou-se para fora na lateral esquerda da pista.

O trem de pouso principal tocou o solo macio, gerando bastante vibração a bordo, mas o pouso não foi concluído. A tripulação realizou procedimento de pouso perdido, arremetendo e subindo em segurança.

Pouso A320neo Marcas Grama Terra Índia
Marcas da trajetória do A320neo no solo

Depois de fazer espera mantendo 8000 pés por cerca de 30 minutos, a tripulação decidiu desviar para Hyderabad, também na Índia. O A320neo subiu para o nível de voo 280 e prosseguiu até o aeroporto de alternativa, onde aterrissou em segurança cerca de 90 minutos após a decolagem.

Em Hyderabad, o trem de pouso principal esquerdo foi encontrado sujo de lama e grama.

Flight Radar 24 Voo G8811 GoAir Pouso Terra Grama
Voo G8-811 do dia 11 de novembro – Imagem: FlightRadar24

Avaliações preliminares indicaram que houve problema com o funcionamento do motor esquerdo, portanto ainda não está definido se a arremetida ocorreu por ter havido o pouso na grama, ou se a arremetida foi iniciada antes e a perda de potência do motor fez a aeronave desviar-se para a grama e perder altitude até tocar o solo.

A agência indiana de aviação DGCA classificou a ocorrência como um incidente grave, abriu uma investigação e divulgou a seguinte declaração:

“Em 11.11.2019, a aeronave A320 VT-WGR da GoAir operou o voo G8-811 (Nagpur-Bangalore). Foi liberada para aproximação pela pista 09 em Bangalore. Devido ao mau tempo em Bangalore, a aeronave iniciou uma arremetida.

Durante o processo de arremetida, o motor número 1 (esquerdo) estolou. A potência do motor afetado foi reduzida para a marcha lenta e o procedimento de arremetida foi continuado. Durante a subida, o motor número 1 novamente estolou e a potência foi reduzida novamente para a marcha lenta. A aeronave desviou para Hyderabad com o motor número 1 mantido em potência de subida.

Após o pouso em Hyderabad, foram observados depósitos de lama no trem de pouso principal esquerdo, indicando que a aeronave rolou sobre solo macio / superfície não pavimentada.

De acordo com a tripulação, a aeronave se desviou para a esquerda durante a arremetida em Bangalore. A aeronave foi tirada de serviço para investigação detalhada em Hyderabad.

Os dados DFDR (equipamento gravador de dados da aeronave), juntamente com outros dados registrados, estão sendo analisados ​​para uma investigação mais aprofundada.

Problema com os motores do A320neo

Os motores PW1100 da fabricante canadense Pratt & Whitney (P&W) têm gerado grande dor de cabeça para as companhias indianas devido a casos de desligamentos de motor em voo.

Avião Airbus A320neo IndiGo
A320neo da IndiGo – Imagem: Airbus

A companhia aérea indiana IndiGo deverá substituir todos os motores P&W de sua frota de quase 100 aviões da família Airbus A320neo por novos motores atualizados da mesma P&W até janeiro, disse a agência reguladora da Índia.

Os incidentes causaram “sérias preocupações” e a decisão de pedir a substituição dos motores foi tomada após “deliberações consideráveis”, afirmou a Direção Geral de Aviação Civil (DGCA) em comunicado.

“Quatro eventos sucessivos nunca aconteceram antes e, portanto, pedimos uma ação urgente e eficaz. Lamentamos o inconveniente, mas precisamos de medidas urgentes para colocar as coisas em ordem”, afirmou a DGCA.

Agora, caso o incidente grave da GoAir tenha sido realmente causado por mais uma falha de motor, a situação pode ficar ainda mais preocupante para as companhia indianas. Veja mais detalhes na matéria a seguir:

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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