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No 1º dia da Assembleia Geral, IATA fala do alto preço das passagens aéreas no Brasil e América Latina

Markus Ruediger, Diretor Assistente de Comunicações Corporativas (esq.) e Peter Cerda, Vice-Presidente Regional para as Américas

Doha – O primeiro dia de Assembleia Geral Anual da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), que começou neste domingo, 19 de junho, em Doha, no Catar, foi marcado por apresentações sobre os cenários regionais da aviação comercial mundial.

No caso específico da América Latina e do Brasil, abordado por Peter Cerda, Vice-Presidente Regional da IATA para as Américas, o destaque ficou por conta das dificuldades enfrentadas pelas empresas aéreas – todas bastante relacionadas a políticas governamentais – para terem bons preços de passagens.

Segundo Peter, a região precisa evoluir nos três principais aspectos que estão impactando suas operações e, por consequência, elevando bastante as tarifas aéreas em meio à recuperação da pandemia: infraestrutura, taxas e ambiente regulatório.

Como exemplos para o caso do Brasil, o executivo da IATA citou três pontos:

– a questão da imposição da política de uma bagagem gratuita pelas companhias aéreas, que geraria impacto adicional nos custos se não tivesse sido vetada pelo presidente Bolsonaro, após aprovada pela Câmara e o Senado;

– a necessidade de uma revisão na política de regulação do preço do combustível aeronáutico; e

– a mais recente discussão sobre a taxa ambiental que a cidade de Guarulhos pretende cobrar das companhias que operam no Aeroporto Internacional de São Paulo.

O Brasil também foi citado quando se falou das empresas de baixo custo (LCCs – Low Cost Carriers), que não encontram estímulos para se implantarem no país devido às incertezas geradas pelos pontos acima citados.

Em relação a outros países, Peter citou: as questões regulatórias na Colômbia, que geram incertezas às companhias; as altas taxas de sobrevoo no Equador; o grande atraso de cinco anos na expansão de um grande hub aéreo da América do Sul, o aeroporto de Lima, no Peru; a manutenção de políticas rígidas aos viajantes aéreos em relação à Covid-19 no Chile e as elevadíssimas taxas que a Argentina impõe à aviação.

Pelo lado positivo da aviação na região, o executivo comentou que as companhias aéreas latinas deverão ter mais resiliência para superar outras crises futuras. Isso porque enquanto muitos países no restante do mundo providenciaram auxílios financeiros às transportadoras durante a pandemia, a ausência desse apoio governamental na América Latina resultou em empresas se reorganizando internamente para se tornarem mais eficientes, ou se submetendo ao Chapter 11 (recuperação judicial) nos Estados Unidos, emergindo também mais fortes.

Peter deixou uma perspectiva positiva, mas que depende totalmente da atuação dos governos: a aviação da América Latina e Caribe tem um potencial elevadíssimo de ser competitiva mundialmente, desde que os três aspectos (infraestrutura, taxas e regulação) sejam devidamente endereçados, o que parece ainda ser um grande desafio.

Neste primeiro dia, também apresentaram seus posicionamentos os Vice-Presidente Regional Kamil Alawadhi, para a África e Oriente Médio, Rafael Schvartzman, para Europa, e Philip Goh, para Ásia-Pacífico.

O AEROIN seguirá acompanhando, diretamente de Doha, a agenda da 78ª Assembleia Anual Geral da IATA e Convenção Mundial de Transporte Aéreo nos próximos dois dias, 20 e 21 de junho, e trará mais aspectos interessantes que, eventualmente, forem abordados sobre a aviação mundial e brasileira.

A cobertura completa do AEROIN na 78ª AGM da IATA, direto de Doha, pode ser conferida neste link.

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