Nos quatro anos desde a queda do 737 MAX na Etiópia, famílias fazem protesto na sede da Boeing

Foto: Boeing

Famílias e amigos que perderam entes queridos no acidente do Boeing 737 MAX em 10 de março de 2019 na Etiópia farão um protesto em memória em frente à sede da Boeing em Arlington, na Virgínia (EUA), marcando o aniversário de quatro anos do trágico evento.

Apoiadores que representam aqueles que perderam entes queridos estão chegando de lugares tão distantes como França e Alemanha, bem como dos Estados Unidos e Canadá, incluindo duas famílias chinesas, para homenagear os mortos no acidente. Eles levarão fotos dos mortos no acidente do voo 302 da Ethiopian Airlines, juntamente com cartazes que falam em exigir justiça na arena criminal.

O grupo se reunirá hoje, 10 de março, na sede da Boeing, onde falarão com a imprensa.

“Faz quatro anos e ainda não consigo dormir à noite. Minha vida inteira mudou, é diferente para sempre”, disse Catherine Berthet, da França, que perdeu sua filha Camille Geoffroy, 28, no acidente de 2019. “Este dia sempre marcará o dia mais triste da minha vida. Não posso deixar a Boeing esquecer o que eles fizeram. Estou fazendo isso pela minha filha e por todos que nunca deveriam ter perdido a vida naquele dia. Logo após o primeiro acidente em 2018 de um Boeing 737 MAX, todos sabiam a causa raiz, especialmente os executivos da Boeing. Esta frota de aviões deveria ter sido imediatamente aterrada. Mas a Boeing preferiu jogar com as probabilidades e o dinheiro de seus acionistas. Agora, o público que voa precisa saber que a Boeing não mudou e que o 737 MAX ainda não atende às normas internacionais de segurança quanto ao sistema de alerta da cabine de comando. Este avião ainda é perigoso.”

O primeiro avião Boeing 737 MAX caiu no mar de Java cerca de nove minutos depois de decolar da Indonésia em 29 de outubro de 2018, matando todos os 189 a bordo. O avião não foi aterrado e mais 157 vidas foram perdidas quando um segundo 737 MAX caiu cerca de seis minutos após a decolagem de Adis Abeba, na Etiópia, com destino ao Quênia. A frota MAX ficou em solo por 20 meses, o mais longo período de paralisação de uma aeronave na história da aviação.

O Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA entrou em um acordo de adiamento da acusação com a Boeing, permitindo que os executivos da empresa evitassem acusações criminais, um caso que foi ouvido no tribunal federal de Fort Worth, no Texas, onde dezenas de famílias foram autorizadas a falar em tribunal aberto sobre as terríveis perdas que sofreram.

O DOJ celebrou um acordo de diferimento da acusação que não incluía as famílias, uma suposta violação da Lei dos Direitos das Vítimas de Crimes, segundo os advogados que as defendem. O processo criminal está atualmente em apelação.

“O assassinato de nossa filha, Danielle Moore, destruiu nossa família”, disse Clariss Moore, de Toronto, no Canadá, que perdeu sua filha de 24 anos no acidente. “A América e o mundo inteiro sabem que a Boeing e seu CEO cometeram o crime corporativo mais mortal da história americana. Danielle trabalhou incansavelmente pela justiça ao longo de seus 24 anos. Não vamos deixar que o Departamento de Justiça e a Boeing tirem a voz dela e de todas as vítimas do ET-302. Há quatro anos lutamos incansavelmente por justiça e exigimos que a justiça faça o que é certo. Não importa o quão difícil possa ser, continuaremos defendendo Danielle, continuaremos juntando os cacos e continuaremos carregando a tocha de Danielle, até que ela receba a justiça que merece”. Clariss e seu marido Chris estarão presentes no protesto.

Berthet acrescentou: “O público que voa precisa saber que não importa o que a Boeing diga, nem a própria empresa nem seus executivos corporativos jamais foram condenados pelo que foi considerado o crime corporativo mais mortal da história dos Estados Unidos”. Berthet, que voará para Arlington para participar do evento, disse: “A Boeing e toda a sua equipe de gerenciamento devem ser responsabilizados por homicídio culposo. A questão criminal deve ser ouvida integralmente para que os direitos das famílias das vítimas sejam respeitados”.

Informações da Clifford Law Offices

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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