Companhia aérea pede falência antes de fazer o primeiro voo

Uma nova companhia aérea de carga holandesa faliu antes mesmo de voar. Trata-se da Aerotranscargo NL (ATC NL), que anunciou seu lançamento com grande alarde em fevereiro, mas que esta semana viu que seu plano de negócios era insuficiente para convencer o regulador europeu da origem dos recursos. A informação foi confirmada inicialmente pelo site especializado em cadeia de suprimentos The Loadstar.

Trabalhando

A ATC NL vinha trabalhando em sua certificação operacional e havia informado ao mercado que entraria no jogo para explorar as rotas de carga entre Ásia e América do Norte.

De acordo com uma entrevista do CEO da empresa, Peter Scholten (ex-Saudia), para a revista holandesa Nieuwsblad Transport, o plano era operar inicialmente dois cargueiros Boeing 747-400F alugados da companhia Aerotranscargo FZE, dos Emirados Árabes Unidos, e com vista a chegar a 10 jatos no longo prazo. À época, o executivo destacava que as transformações do mercado no pós-pandemia favoreceria, e muito, o setor logístico.

No entanto, uma fonte holandesa disse ao The Loadstar que houve dificuldades na criação do AOC, devido a questões levantadas pelas autoridades sobre o controlador final e a origem do investimento. O controlador e a origem dos recursos são aspectos fundamentais para assegurar o cumprimento das legislações contra a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, levadas muito a sério na Europa.

Do ponto de vista estratégico, a ideia era que a empresa, que é da Moldávia, mas tem sede operacional em Sharjah, nos Emirados Árabes, buscasse um Certificado de Operador aéreo na Europa a fim de acessar vários mercados estratégicos, como e-commerce e commodities, que hoje não fazem parte da rede.

Agora, sem ter como conseguir um Certificação de Operador Aéreo e sem ter como integralizar os recursos, a empresa perde toda sua capacidade de pagamento, vindo a ter que pedir falência. Não se sabe como será daqui para frente e se há chance de uma reviravolta.

Qual era a ambição

A ATC tinha o objetivo de se concentrar no transporte de mercadorias do e-commerce, segmento amplamente beneficiado durante a pandemia. Também queria explorar os nichos farmacêuticos e de produtos perecíveis. Nos primeiros anos, a empresa poderia empregar cerca de 100 a 125 pessoas. A meta era transportar até 45 mil toneladas de carga no primeiro ano de operação.

Scholten planejava, dentro de dois anos, ampliar a frota para quatro B747-400F. No médio para longo prazo, a ideia é chegar a dez aeronaves, incluindo modelos mais eficientes, como  747-8F e 777F. A base das operações seria o Aeroporto Schiphol. Para o executivo, Schiphol e o país perdem com o excesso de companhias estrangeiras operando carga e enxergava aí uma oportunidade.

O pedido de licença operacional já havia sido apresentado ao Ministério da Infraestrutura da Holanda. O objetivo era que a companhia estivesse voando no verão europeu, no começo do segundo semestre deste ano.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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