A nacionalização do mais novo avião comercial russo está trazendo consequências negativas para os seus futuros operadores. O Yakovlev MC-21, jato comercial de médio porte concorrente direto do Airbus A321 e Boeing 737 MAX 10, será em breve uma das espinhas dorsais da aviação civil russa, já que o país está sancionado pelo ocidente e a invasão da Ucrânia está longe de acabar.
Originalmente, o MC-21 teria motores ocidentais Pratt & Whitney PW1000G, em uma maneira de baratear custos de desenvolvimento e diminuir riscos, além de tentar uma entrada no mercado ocidental de maneira menos desastrosa do que o “irmão” Sukhoi Superjet SSJ100.
Com as sanções, foi descartado o motor americano e colocada como opção apenas o Aviadvigatel PD-14, que já era parte do projeto inicial, mas seria uma segunda versão a ser disponibilizada ao mercado. Além do PD-14, o jato está passando por várias substituições de componentes ocidentais por russos, e além do processo ser demorado, está aumentando o peso do avião.
Com mais peso, o consumo de combustível aumenta e o alcance diminui, e isto está começando a atrapalhar a performance da aeronave, como informou Denis Manturov, Vice-Primeiro-Ministro da Rússia, ao jornal Vedomosti.
Segundo ele, o avião tem que se adaptar à nova realidade e com isso “no processo de implementação de planos para criar análogos russos dos sistemas e aviônicos de nossas aeronaves, o próprio projeto também deve ser adaptado a eles. Uma boa opção seria fazer uma versão adicional da fuselagem da aeronave encurtada em uma seção, para manter o parâmetro original de performance e alcance”.
Desta maneira, o MC-21 poderia voltar a ter a versão 21-200, que era uma das propostas originais, com capacidade próxima de 165 a 170 assentos, ficando mais perto do A320neo e 737 MAX 8, e de certa maneira do A220 e do A319neo.
Com isso, o alcance próximo de 6 mil quilômetros (3.200 milhas náuticas) seria mantido, mas sacrificando em torno de 40 assentos. Porém, ao fazer isso, seria necessário recomeçar o processo de recertificação, o que atrasaria ainda mais o projeto de um avião que tinha estimativa inicial de estar operando comercialmente desde 2022, mas que agora tem uma previsão mais para o final da década.