‘Novo dono’ da ITA já foi preso e acredita na viabilidade da empresa aérea

A venda da Itapemirim Transportes Aéres (ITA), companhia aérea do Grupo Itapemirim, surgiu de maneira inesperada no noticiário da semana passada, mas até agora gerou mais desconfiança do que certeza.

A empresa aérea Itapemirim Transportes Aéreos surgiu no ano passado, no meio da pandemia, num momento em que o grupo, especializado em transporte rodoviário, já se via numa longa e polêmica Recuperação Judicial. Ainda assim, a companhia decolou para, seis meses depois, suspender totalmente as operações, deixando milhares de pessoas na mão e devendo milhões na praça.

Nos dias que sucederam ao encerramento dos voos, Sidnei Piva, dono do Grupo Itapemirim, afirmava que a volta da empresa era certa e que aconteceria em fevereiro. Mas não aconteceu. Depois, a notícia foi a de que investidores estariam interessados, o que foi, em tese, confirmado na semana passada.

Em tese, porque a empresa emitiu uma carta aos seus colaboradores anunciando a venda e ficou de fazer um anúncio ao mercado em seguida, que não aconteceu. Com o silêncio, começaram as especulações pelos veículos de imprensa, que estão a tentar identificar quem é esse novo “comprador misterioso”.

Tudo o que se sabe é que a empresa teria sido vendida a uma consultoria de nome Baufaker Consulting que, segundo o Valor Econômico, pertence a Galeb Baufaker Júnior, um empresário do ramo imobiliário que apareceu nos jornais pela primeira vez no ano de 2005, quando foi acusado de estar fazendo lobby com o governo Lula através do irmão do presidente, o Vavá.

Em 2017 o empresário foi preso temporariamente durante uma investigação de venda ilegal de terrenos para construções de mansões em áreas protegidas do Distrito Federal. A lista de processos em que ele está envolvido é longa, e inclui pessoas físicas, rádio, o próprio DF e o Ministério Público. Ao Valor Econômico, Galeb afirma que foi preso após um diretor de uma de suas empresas cometer erros, sem dar mais detalhes.

De qualquer forma, as perspectivas são boas, segundo o empresário, que pretende usar precatórios (dívidas a receber da justiça) para quitar o que a ITA deve (calculado em R$ 180 milhões), e dinheiro do próprio bolso para bancar R$35 milhões que a aérea “pegou emprestados” da recuperação judicial do segmento rodoviário da Itapemirim.

“Fiz os levantamentos pertinentes com meus consultores sobre a empresa aérea e entendemos que ela tem viabilidade (econômica). Assinamos o contrato há cerca de uma semana. A ITA começou de uma forma redonda e conquistou o mercado de uma forma positiva no primeiro momento. Essa parada brusca (dos serviços) foi em função de má gestão”, afirmou o empresário ao jornal O Globo.

Não está claro se os precatórios serão dados como garantia para os credores ou se algum banco irá fechar um acordo para receber a dívida e ‘adiantar’ o montante.

Também não foi falado como seria o processo de recertificação na ANAC e nem como as cinco aeronaves, que foram embora, serão repostas, já que Galeb não vislumbra projeções faraônicas para empresa. Segundo ele, o objetivo é chegar em 50 aeronaves em 15 anos, e não em menos de 2 anos como queria Piva.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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