Numa tacada só, S&P rebaixa o rating de crédito de 8 grandes aéreas europeias

Concepção artística do Boeing 787-9 da Turkish – Imagem: Boeing

Nessa semana, o risco de crédito dos maiores grupos aéreos europeus foi revisado para baixo pela Standard & Poors, uma das grandes agências de classificação de risco do mundo. Além disso, as empresas foram colocadas no status de CreditWatch negativo, devido ao surto de Coronavirus. A nova revisão foi feita sobre uma análise que a S&P divulgou em 20 de março. Foram rebaixadas as empresas:

  • easyJet PLC
  • Ryanair Holdings PLC
  • Deutsche Lufthansa AG
  • Grupo Internacional de Companhias Aéreas Consolidadas, SA
  • PLC da British Airways
  • Air Baltic Corp. AS
  • Turk Hava Yollari AO (Turkish Airlines)
  • SAS AB

A agência pontua que há incerteza significativa em relação à gravidade e longevidade do surto de coronavírus e às restrições de viagem relacionadas, e, como tal, as previsões financeiras são suscetíveis a possíveis revisões no curto prazo. Dito isso, as suposições de base para o setor em 2020, incluem:

  • A receita geral de passageiros diminui em até 30%, pois a demanda de tráfego aéreo será extremamente baixa por, pelo menos, mais dois meses.
  • O preço médio dos bilhetes diminui devido à capacidade excedente esperada em rotas de longo e curto curso, pressões competitivas e preços médios mais baixos do petróleo. Acredita-se que as companhias aéreas terão rendimentos mais baixos para preencher assentos.
  • Os custos de combustível vinculados às premissas revisadas do preço do petróleo da S&P Global Ratings nos casos em que uma companhia aérea não faz hedge de combustível, mas ajustada para contabilizar o hedge (o que neste caso significa menos economia com os preços mais baixos do combustível), quando aplicável, e severos ajustes de capacidade.
  • Diferimento de investimentos (capex) para novas aeronaves e suspensão de dividendos e recompra de ações.

Espera-se que receitas e fluxos de caixa mais baixos resultem em métricas de crédito significativamente mais fracas em 2020 em relação às expectativas anteriores (pré-coronavírus). 

Acredita-se que a geração de EBITDA (ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) em 2020 pode cair de 50% a 70% para muitas operadoras, dependendo da flexibilidade de suas bases de custos. Os custos mais altos para as companhias aéreas são tipicamente combustível (cerca de 25% a 35% dos custos operacionais) e custos com pessoal (que são um pouco flexíveis, principalmente porque as companhias aéreas anunciaram despedimentos excepcionais nos últimos dias).

A S&P assume que o terceiro trimestre apresentará uma lenta recuperação do tráfego e que o quarto trimestre do ano se aproximará das condições normais de mercado. Essa recuperação pode ser adiada, pressionando ainda mais as métricas de crédito. 

A revisão é bastante extensa, mas pode ser analisada aqui. Note que a base é a análise de março de 2020, a qual foi atualizada agora novamente.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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